Bastidores 29/01/24
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O jornalista Rodrigo Costa comenta os principais fatos dos bastidores de Poços de Caldas e região.
A ONDA
Poucos fenômenos são tão assustadores nos dias de hoje quanto a forma como que uma informação se espalha pelas redes sociais. A atual legislatura da Câmara Municipal, pela terceira vez, experimenta algo do tipo. Em 2021, Claudiney Marques (PSDB) virou notícia em todo o país graças a uma declaração sobre a tal ideologia de gênero.
A FRASE
“Mesmo aquelas ideologias como nazismo e fascismo, que fizeram tão mal para a sociedade, não foram tão nocivas como esta. Pelo menos aquelas o tanque vinha em sua direção, soldados com armas para te liquidar e você via. Esta come pelas beiradas e vai destruindo. Eu me pergunto se as pessoas sabem o que é ideologia de gênero. Eu acho que os deputados não sabem o que é ideologia de gênero. Este canto da sereia vai destruir a família e não é questão de conservadorismo e sim uma questão de família”, disse o vereador durante uma sessão. Rapidamente o legislador virou notícia nos principais veículos de imprensa do país. Familiares sofreram represálias. O preço do tribunal da internet foi alto. Tão alto que Marques optou por se tornar um vereador discreto e a reconsiderar a possibilidade de tentar um novo mandato.
NO FINAL DE 2023…
A imagem do vereador Thiago Braz (Rede) foi parar na Globo News e se alastrou nas redes sociais ao deixar o plenário em disparada com os demais colegas após uma rocha ter atingido os fundos do prédio da Câmara.
E AGORA…
Foi o vereador Diney Lenon (PT) quem experimentou o poder das redes sociais. Mas com um agravante: tanto ele quanto sua equipe demoraram demais para perceber o estrago da sua fala no Jornal da Manhã da Jovem Pan Poços na última quinta-feira, 25. Ao se posicionar contra o fim das charretes – em qualquer hipótese – teve sua fala compartilhada em perfis de todo o país que somaram quase meio milhão de visualizações. Seu perfil passou a ser atacado – a ponto de o espaço para comentários ser desabilitado. Já na sexta-feira, 2, ao invés de recuar, optou por debochar com a publicação de um vídeo do Porta dos Fundos que mostra uma mulher mais preocupada com um cachorro do que com um mendigo. No seu entorno, a avaliação – completamente equivocada – foi de que a exposição era positiva. O “terraplanismo” – sem surpresas – existe tanto na direita quanto na esquerda.
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O NOVO VÍDEO
A ficha de Lenon foi cair apenas no sábado, 27, quando a sua bolha passou a questioná-lo pelo seu posicionamento. O vídeo do Porta dos Fundos foi apagado. No lugar, o vereador publicou outro com a promessa de rever seu posicionamento. Alegou que o material publicado foi editado. No fim das contas, faltou a humildade em dizer que errou. Sua principal fala não tem edições: o vereador afirmou sim ser contra o fim das charretes em qualquer hipótese. O impacto de tudo isso, claro, conheceremos em outubro.
TUNEL DO TEMPO
Diney Lenon protagonizou um novo episódio que lembra muito – guardadas as devidas proporções – o Paulo Tadeu (PT), quando em 2016 publicou no Twitter que manifestantes deveriam conservar as praças e jardins ao não pisarem ou comerem a grama. Só faltou fazer como o ex-prefeito e dizer: “a vítima sou eu”.
CHARRETES
Importante ressaltar que a polêmica sobre o assunto deve continuar. Em 2023, o vereador Silvio de Assis (MDB) apresentou um projeto de lei que determina a instauração de processo de registro de patrimônio cultural e imaterial do município de Poços de Caldas do passeio turístico de charretes existente no município. Um malabarismo para tentar impedir a exploração animal na cidade. No último dia 24 de janeiro, a Assessoria Técnica Legislativa concluiu que o projeto não apresenta ilegalidades ou inconstitucionalidade.
POSICIONAMENTO
O Condephact (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórïco, Arqueológico, Artístico e Turistico) se posicionou contrário ao projeto de lei. “O CONDEPHACT, manifestou-se contrário à proposta, visto que essa prestação de serviços não contempla saberes, representações, expressões, conhecimentos, técnicas ou práticas que possam ser reconhecidos como parte integrante do patrimônio cultural imaterial poços-caldense”, diz o documento.