Bastidores 27/05/22

O jornalista Rodrigo Costa comenta os principais fatos dos bastidores de Poços de Caldas.

A QUEDA
Pontualmente às 9h desta quinta-feira, 26, uma reunião na Secretaria Municipal de Saúde, ainda sob o comando de Carlos Mosconi (PSDB) e da adjunta Rosilene Faria, teve momentos tensos e, por alguns instantes, dramáticos. O velho lobo da política optou, no seu bom e velho modo de ser, transferir a culpa das possíveis irregularidades apontadas ao longo das últimas semanas para membros da Secretaria. Relatou a pouca colaboração dos servidores e em tom crítico, a falta de apoio do prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) para um remanejamento de pessoal mais efetivo e com resultados.

JUSTIFICATIVA
Para justificar o pedido de demissão, Mosconi e Rosilene, juntos, optaram por alegar motivos pessoais e uma forma de contribuição para um trabalho mais transparente da CPI da Saúde, muito embora, a Câmara Municipal não tenha solicitado oficialmente o afastamento de ambos. Observadores mais atentos, no entanto, chamam a atenção para algumas falas de Mosconi durante a reunião. Uma fonte que merece crédito e que conhece bem o secretário interpreta a movimentação como um possível rompimento com o governo.

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DISPONÍVEL
Welles Meire Cava, diretora administrativa da Secretaria Municipal de Saúde, teria colocado seu nome à disposição para assumir o cargo de secretaria adjunta.

ENQUANTO ISSO…
Até por volta das 14h, quase ninguém do governo municipal tinha ideia da movimentação política que acontecia nos bastidores. Quando a notícia vazou, a grande maioria dos secretários foi pega de surpresa. O burburinho chegou à Câmara e os olhares se voltaram para o vereador Flavio Togni de Lima e Silva (PSDB), que conversava com André Vilas Boas (Novo). Com a notícia cada vez mais perto de se confirmar, ele deixou as imediações do local. Já Vilas Boas tem dado a entender que não compreende a gravidade do cenário que envolvem as denúncias e o pedido de demissão de Mosconi.

QUASE ACERTOU
Para aumentar o clima de tensão, nos arredores da Câmara, os boatos eram de que a Polícia Federal estava na cidade. Mais uma vez, a informação bateu na trave. Na verdade, quem circulava pelo Centro era uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, com objetivo de que conceder entrevista para uma emissora de TV. Comentários dão conta de que teve gente respirando aliviada quando se soube que era a PRF.

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APERTEM OS CINTOS, O PILOTO SUMIU
Já era noite quando após muita insistência por informações ao longo da tarde no grupo de WhatsApp da Secretaria de Comunicação, enfim, chegou a confirmação. Às 18h50, as exonerações de Carlos Mosconi e de Rosilene Faria foram tornadas oficiais pela Casa Amarela.

OS NOMES COTADOS
Durante a tarde, o nome cotado com mais força para assumir a vaga foi o da vereadora Regina Cioffi (Progressistas). Foram inúmeros os contatos, até mesmo por parte da imprensa, solicitando uma fala a respeito da demissão de Mosconi e sobre a possibilidade dela assumir a secretaria. Na sequência, outros dois nomes passaram a circular com menos força: os dos médicos Mário Krügner e Daniel Incrocci.

O TUCANATO
Coincidentemente, na noite de ontem, nas dependências do Hotel Nacional, aconteceu uma reunião do PSDB para escolha dos novos membros do Diretório Municipal. Para muitos, o rompimento citado acima estaria evidente com a possibilidade do partido lançar o nome do vereador Flavinho para a disputa de deputado federal, confrontando, portanto, com o ex-presidente da sigla, Celso Donato, atualmente no PSD.

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E PARA PIORAR A VIDA DE CELSO DONATO…
Nilton Junqueira foi eleito o novo presidente do PSDB de Poços de Caldas. Os cabeças brancas retomaram o controle do partido na cidade. As apostas para quando o prefeito Sérgio Azevedo deixará a sigla já começaram.

FECHAM-SE AS CORTINAS
Quase aos 80 anos de idade, Carlos Mosconi deixa a Secretaria Municipal de Saúde. Amado por uns e temido por muitos outros, com mais inimigos do que amigos e com movimentos políticos questionáveis – bem como uma sombra do passado que embora não confirmada nunca conseguiu deixar para trás – encerra a carreira política de forma melancólica. Deixa uma Secretaria Municipal de Saúde à deriva, sob a suspeita de irregularidades em contratos e horas extras e um PSDB em frangalhos.