Bastidores 13/05/22

O jornalista Rodrigo Costa comenta os principais fatos dos bastidores de Poços de Caldas.

SACOLINHAS
A pauta que sacudiu Poços de Caldas nos primeiros dias de maio de 2022 foi a cobrança por parte dos supermercadistas das sacolinhas de plástico. A decisão se deu por parte dos empresários da cidade em uma reunião e foi imposta de cima para baixo, sem qualquer tipo de discussão com a sociedade ou o poder público. E pior: em um curto espaço de tempo. Com o alto índice de críticas por parte da população, chegou a sobrar para a Câmara dos Vereadores. O Presidente da Casa, Marcelo Heitor (PSC), teve que gravar um vídeo para explicar à população que os parlamentares não aprovaram nenhuma lei que proibisse o fornecimento das mesmas.

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REDES SOCIAIS
Postagens críticas à decisão também circularam pelo WhatsApp. De proposta de boicote aos estabelecimentos que fornecem as sacolinhas a um simples exemplo matemático. A mais criativa faz uma referência ao aumento do transporte coletivo na cidade e lança uma reflexão: uma pessoa que faz compras e precisa compras as sacolinhas no caixa (em sua grande maioria vendidas por R$ 0,10 cada), a cada seis compradas para transportar seus produtos, conseguiria custear a passagem de ônibus que antes era R$ 5 e agora passou para R$ 5,60. Faz sentido.

QUESTIONAMENTOS
Para o supermercadista, cada sacola custa aproximadamente R$ 0,03 e está sendo vendida por R$ 0,10. O custo das sacolinhas, embora poucos saibam, já está embutido no preço de cada produto vendido nas prateleiras. Afinal, nada sai de graça para o consumidor. As perguntas que ficam são: houve queda de preço em algum produto após a cobrança das sacolinhas? Para onde vão os R$ 0,07 cobrados a mais do consumidor, valor bem acima do preço de custo para o estabelecimento? As sacolinhas com logotipo dos supermercados que estão sendo vendidas já não estavam no estoque e devidamente faturadas pelos supermercadistas?

ÔNUS
O principal questionamento a respeito da maneira de substituição das sacolinhas, transferindo o ônus da substituição ao consumidor com o pagamento de taxas para a aquisição ou com a compra de uma sacola retornável, é absurda. Estudos de importantes universidades ao redor do mundo revelam que é atitudes como essa se tornam extremamente ineficazes quando proibições radicais esbarram em nosso comportamento. Em vez de ajudar o meio ambiente, o banimento pode piorar o meio ambiente.

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RESULTADO
Proibir a sacolinha não tem nada de sustentável. Sustentabilidade é um tripé, que só se mantém se os três pilares (o econômico, o social e o ambiental) forem atuantes. Da forma como está sendo colocada em prática em Poços de Caldas, os únicos beneficiados são os supermercadistas que, por sinal, integram o setor que mais obteve lucro durante a pandemia.

CURIOSIDADE
Você sabia que a sacola comum, fabricada dentro da norma, é menos pior ao meio ambiente do que uma ecobag que está sendo vendida nos supermercados?