Bastidores 07/11/22
O jornalista Rodrigo Costa comenta os principais fatos dos bastidores de Poços de Caldas e região.
A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA
Em comemoração aos 150 anos de Poços de Caldas, a Alterea Filmes e o Instituto Benetti anunciaram o lançamento do filme “Para Sempre Poços”. A primeira exibição pública aconteceu ontem, domingo, 6, no Palace Casino. A produção, roteirizada e dirigida por Marcelo Leme, mistura ficção e documentário. A co-produção é da Feeling Good Films, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com o patrocínio do Departamento Municipal de Eletricidade (DME), Secretaria de Cultura de Poços de Caldas e Gestão Cultural Lavanda.
O ELENCO
O material de divulgação do filme, amplamente divulgado nas redes sociais, traz belas imagens de Poços de Caldas, fotos dos personagens fictícios e de pessoas com relevância histórica para a cidade – que contribuíram com depoimentos para a parte documental e não-ficcional da produção. Um dos que participaram desse segmento foi Luis Nassif. E é justamente à partir da sua presença na produção que tem se desenrolado nos últimos dois dias um dos casos mais tristes da história recente da cidade.
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ROTEIRO
O prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) através do secretário municipal de Governo, Paulo Ney, condicionou na quinta-feira, 3, a exibição do filme dentro das comemorações dos 150 anos de Poços de Caldas, à retirada do depoimento de Nassif da produção. A informação foi confirmada pelo produtor do filme, Bruno Benetti, na noite de ontem. “Fiquei de mãos atadas, me doeu no coração. Como explicar paro Nassif essa atitude, uma vez que sua participação não tinha nenhuma conotação política?”, disse Benetti à Coluna Bastidores. “Ele não foi cortado do trailer e do pôster. A exibição completa do filme, inclusive com a sua participação, acontecerá em outras oportunidades já programadas”, completou.
DESFECHO
O produtor também confirmou que nenhuma outra censura ocorreu e que a única ordem expressa foi para retirar o Nassif da exibição: “era isso ou deixar de exibi-lo”. Benetti disse também que em menos de 24 horas teve que reeditar o filme – com várias revisões em virtude do corte. Benetti disse que tentou de diversas formas convencer o governo municipal em não censurar o material. O esforço foi em vão. Já o diretor e roteirista Marcelo Leme, também em contato com a Coluna, disse que foi apenas avisado sobre a ausência de Nassif nessa primeira exibição.
ENTRE-ACT
Nas redes sociais, ainda na noite de domingo, Luis Nassif disse: “Dediquei dois livros à minha cidade, Poços de Caldas. Recentemente, dei depoimento para um documentário sobre a cidade. O prefeito bolsonarista Sérgio Azevedo (que nem conheço) ordenou ao diretor que editasse o filme e retirasse meu depoimento. O lançamento foi hoje”. Fontes próximos ao jornalista informam que ele pretende acionar o Ministério Público Estadual sobre o caso.
FINALE
Com essa atitude, o prefeito Sérgio Azevedo mancha a história e as comemorações do aniversário de 150 anos de Poços de Caldas. O artigo 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 2º da Constituição diz que é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística – algo que ele faz sem o menor princípio moral. Sua atitude é pequena e mesquinha. Um homem que não está à altura do cargo que ocupa.
RODAPÉ
Censura nunca mais.