A queda

O jornalista Daniel Souza Luz relembra mais uma passagem de sua adolescência

Na crônica A queda, o jornalista Daniel Souza Luz relembra mais uma passagem de sua adolescência, onde era comum se arriscar em manobras no skate.

Salvo engano, só comecei a andar de skate em 1988. Com certeza foi, pois aprendi quando tinha 13 anos, completados no fim de 1987.

Meu irmão Eurico começou a andar antes, provavelmente naquele mesmo ano de 1987, quando um amigo nosso chamado Ronan levou o skate dele na rua Platina, onde éramos vizinhos das suas primas; era um péssimo Pro Life, mas serviu para nossas primeiras tentativas.

Não tenho muita certeza, mas acho que não andava ainda quando testemunhei um tombo do meu irmão que me assustou muito e por causa disso provavelmente só me animei a arriscar no skate em 1988. E eu era bem impressionável mesmo.

Ele foi pular uma rampinha improvisada na rua, que é uma leve ladeira, bateu a cabeça no chão e eu ouvi o barulho da batida apesar de estar ouvindo música alta no toca-fitas do carro do meu pai, que era o único aparelho de som que tínhamos. Detalhe: bem na hora em que ele caiu, eu ouvia Bark at the Moon, do Ozzy Osbourne.

Pensamento mágico de criança, influenciado por discursos sensacionalistas na mídia contra o heavy metal: eu entrei em casa lamentando o que aconteceu com meu irmão, devido a uma suposta influência malévola da música. Felizmente ficou tudo bem: ele logo se recuperou da pancada e dois anos depois já estávamos até ouvindo Slayer, que é thrash metal e muito mais sinistro do que o Ozzy, juntos.

* Daniel Souza Luz é jornalista e revisor. E-mail: danielsouzaluz@gmail.com