A ousadia dos escravocratas

Armínio Fraga é descendente de senhores de engenho do nordeste brasileiro, engenhos estes sustentados predominantemente pela mão de obra escrava - a maioria sequestrada no continente africano e parte significativa de índios capturados e “amansados” para o trabalho.
Esses cativos praticamente sem descanso, torturados se produziam pouco ou tentassem fugir, passavam fome, moravam amontoados em condições degradantes e desumanas.
Pois bem, esse Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, que movimenta bilhões de dólares no mercado financeiro, afirmou que o governo precisa congelar o salário mínimo por seis anos, para o bem da economia brasileira, óbvio.
A fala do descendente de senhores de escravos me fez lembrar o Barão de Cotegipe ao votar, em 1888, contra a abolição da escravatura e defender, no mínimo, indenização aos proprietários de seres humano escravizados - “tenho conhecimento das lavouras de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, e afianço que a crise será medonha. A verdade é que haverá uma perturbação enorme no país durante muitos anos”.
O argumento é o mesmo, o “bem da economia brasileira”. Armínio Fraga é de uma franqueza cafajeste, faz-se de porta voz da banca parasita que controla o mercado financeiro do Brasil e submete o Banco Central ao pior dos vexames - fingir-se independente.
O Brasil é o país com a terceira maior taxa de juros reais do mundo, transferindo apenas com a dívida cerca de um trilhão de reais por ano à confraria do senhor Armínio, especialista em porta giratória, aquela em que se revezam nos setores público e privado, levando para o segundo o conhecimento e as particularidades do primeiro.
Para essa gente, o problema do Brasil não são os juros exigidos mediante chantagem e extorsão sobre o governo; mas sim o ganho de sessenta milhões de brasileiros que recebem um salário mínimo minguado e espremido pela dança imoral dos jogos de mercado.
Refestelam-se, como pintos no lixo, no sentido literal, criam cavalos, possuem haras, lanchas, aviões e helicópteros livres de impostos e pagam uns poucos caraminguás nos gigantescos rendimentos.
Gente improdutiva e parasita, o tal mercado é mera roleta de números viciados, onde o país sempre perde. Hora de exigirmos uma auditoria da dívida brasileira e desmascarar, expor e combater esses inimigos do povo e do Brasil.
Antes que o Armínio ou qualquer outro porta-voz, saudosos da ascendência que se enriqueceu ao som da chibata e gritos dos miseráveis, percam a vergonha de vez para propor a “desabolição” da escravidão no Brasil.
* Paulo Tadeu é ex-prefeito, ex-vereador e presidente do Diretório Municipal do PT
Qual é a sua reação?






