Ordem do Dia 31/08/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Ícones da imprensa internacional, o Financial Times e o Le Monde, publicaram matérias noticiando o recorde mundial no consumo do petróleo, no mês de junho deste ano. Nunca o mundo consumiu tanto petróleo.
Os impactos políticos, derivados do alto consumo de hidrocarbonetos, seriam tão relevantes quanto as resultantes ambientais, cuja face mais visível seriam os recordes mundiais no aumento da temperatura.
Houve registros, informando temperaturas próximas dos 50 graus centígrados, nos EUA e na Europa. Parece mentira. Mas tudo indica que não é.
Algumas das tais resultantes políticas, desse alto consumo do petróleo, nos interessam diretamente: se traduz em mais recursos para a Rússia financiar a guerra na Ucrânia, o que tem trazido instabilidade mundial, bem como no fortalecimento do regime ditatorial venezuelano, cuja vizinhança traz distúrbios para o território brasileiro. Especialmente de caráter humanitário.
Economicamente, esse “boom” no consumo do petróleo alterou a pauta de exportações brasileiras. Hoje, o petróleo seria o segundo principal item exportado pelo Brasil, atrás somente da soja. Não deixa de haver uma certa ironia nesse fenômeno.
Foi justamente a grande crise do petróleo, nos anos 1970, que interrompeu o então “milagre econômico” brasileiro. O nosso PIB, que vinha de uma média histórica de crescimento de 7% ao ano, simplesmente entrou em colapso.
Graças a um aumento monumental dos preços do petróleo. Nessa época, importávamos quase todo o petróleo consumido no Brasil. Foi um caos. Nossa dívida externa foi para as alturas. Aconteceu a “década perdida” e veio a hiperinflação.
Hoje, somos exportadores de petróleo. Mas isso não resolveu nossos problemas, que parecem até maiores. Assim como o petróleo que, por décadas, foi considerado uma bênção.
Hoje, é visto quase como uma maldição ambiental. Nunca foi tão difícil distinguir os “mocinhos” dos “bandidos”. E la nave va…
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com