Magazine

Daniel Souza Luz escreve artigo sobre apresentação em tempos escolares sobre a banda Magazine

O jornalista Daniel Souza Luz escreve artigo sobre apresentação em tempos escolares sobre a banda Magazine.

Magazine era a banda de Howard Devoto, uma lenda pós punk do fim dos anos setenta e começo da década de oitenta. Mas só fui ouvir no século 21 – o acesso a sons assim, no Brasil, não era tão simples – e não me marcou muito.

Gosto bem mais de Buzzcocks, o pioneiro grupo punk no qual Devoto começou a carreira. Mas o que eu ouvia mesmo nos anos oitenta era outro Magazine, o brasileiro. A banda de Kid Vinil, figura popular e simpática, que depois influenciaria muito do meu gosto musical à frente do Som Pop, na TV Cultura, no fim daquela década, um assunto do qual sempre gosto de falar.

Quando era criança gostava demais da banda new wave dele. Geral na escola também adorava os sucessos Eu Sou Boy e Tic Tic Nervoso. O Magazine brasileiro meio que caiu no esquecimento; nunca mais ouvi, até lembrar recentemente da existência da banda e de como achava divertido.

Manjam aquelas apresentações que as crianças fazem para os pais no fim do ano escolar? Em 1984 ou 1985 eu e meu irmão fizemos uma dessas no teatro da escola na qual estudávamos, o Instituto Educacional São João da Escócia, e foram números musicais da qual ainda temos as fotos.

A do meu irmão foi mais complicada: eles dançaram break ao som de uma música do Michael Jackson, vestidos a caráter, com roupas de b-boys. Não tenho certeza de qual música foi, só sei que era um dos hits então onipresentes dele, provavelmente Beat It.

Era uma coreografia toda complicada, ou ao menos me pareceu. Um detalhe paralelo curioso: à época, quando passávamos em frente ao cemitério municipal, minha irmã Fernanda, que é mais nova, tinha medo de que tocasse Thriller no toca-fitas do carro e até o pôster gigante do Michael Jackson que havia em casa foi tirado da parede quando começou a parecer meio sinistrão.

O sorriso do Jacko, o apelido do ídolo da black music, ficou marcado pelo clipe. Voltando à apresentação escolar de fim de ano, para mim foi mais fácil e combinava comigo: dançamos Tic Tic Nervoso, também devidamente vestidos para a ocasião; hoje seria chamado de cosplay new wave: com camisas sociais de manga curta e gravata. Foi massa.

Mesmo tendo vergonha de subir ao palco, não precisava fazer algo tão bem coreografado. Os meus amigos e colegas de sala até que dançaram mais direitinho; eu fiz tudo descoordenado e achei ótimo. Até hoje acho que mandei bem, era o espírito da música. O mais legal é olhar para as fotos e ver que eu pareço um pouco uma versão mirim do próprio Kid Vinil ou do Herbert Vianna – eu uso óculos.

* Daniel Souza Luz é jornalista e revisor. E-mail: danielsouzaluz@gmail.com