A maestria de Josimar
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Caminhando diariamente pelas imediações da área central, vejo um senhor “setentão”. De postura ereta, a passos firmes, num semblante sério e sereno, Josimar Agnus Pereira.
De uma personalidade viril, sincero e autêntico na sua razão. Marcante por uma voz rouca. Pai, marido e avô, é um companheiro aos cuidados com os seus.
Profissional liberal, advogado, ele utiliza das Ciências Sociais e Jurídicas para sua renda. Está estabelecido em Poços há mais de cinquenta anos. É nascido em Itajubá, no Sul de Minas Gerais, um brasileiro nato pela miscigenação.
Primogênito de cinco irmãos, foram criados e educados pelo casal, João “Miruca”, era carteiro, e Maria, “Lóia”, tecelã.
Numa fase de sua vida infantil, em Santa Rita de Sapucaí, onde Josimar se encantara com o som de dois grupos musicais, que se apresentavam semanalmente no coreto da praça: um, as retretas da banda, composta por instrumentos de sopro e percussão; outro, o grupo de Seresta formado por cordas e percussão, tratado popularmente por Violeiros.
Ainda moleque nas travessuras de roubar frutas, Josimar observava a envergadura dos galhos das árvores, semelhante a performance de um cachimbo, os comparava ao instrumento musical saxofone. Sua imaginação voava longe, por apalpar os botões da camisa como se fossem as chaves, para as notas no instrumento.
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Um de seus tios violeiros, quando na ausência do lar, Josimar era um fedelho que aproveitava às escondidas para dedilhar o violão. O som de sua batida meio samba meio bossa nova, logo despertou sua tia.
Ela membro do coral local, o indicou aos encontros musicais, entre amigos e familiares. Com almoços de boa prosa e mesa farta dos comes e bebes. Daquele costume de mesa farta, depois de adulto, ele acatou por toda a sua vida. Que após os ensaios musicais, a refeição já estava pronta por ele.
Atualmente, nas sextas-feiras à noite, no seu escritório após o expediente, ocorre a oficina musical seguida de uma janta. O complemento dos estudos de Josimar pela arte, se deu nas plásticas, desde os gráficos à pintura. Seu instrumento musical predileto, é o saxofone tenor.
Na busca por um som “aveludado”, vale lembrar, sua convivência referida ao saudoso Antônio Beccaro, poços-caldense, que em toda sua vida musical, desde a fase áurea dos cassinos, já era atento por tocar o bandoneón. Beccaro vivenciou entre os bailes, e as retretas da banda maestro Azevedo, no clarinete e sax.
Como ele dizia, “passei a minha vida perseguindo o som do norte-americano, Stan Getz”. Interessado em aprimorar seus conhecimentos, Josimar se manteve sempre atento nas pesquisas, detentor de uma intuição dinâmica, ele é atraído aos estudos da harmonia.
Ao longo dos anos ele desenvolveu o Quaterno, um método de estudo, o qual está amparado nas escalas de todos os tons.
O objetivo fundamental desta metodologia, é que o aluno de qualquer nível de conhecimento, todas as idades, ou qualquer instrumento, possa acompanhar interagindo no grupo.
Para quê: Todos consigam aprender a se ouvir enquanto tocam, afinar o instrumento, respeitar a respiração, e o aprendizado da harmonia vem na carona. É o que ele trata por Música Integral, a socialização pela arte.
* Ernani Pasculli Filho é barbeiro, formado em Ciências Sociais e pesquisador sobre narrativa de história oral. E-mail: ernanipasculli@bol.com.br