Doenças crônicas matam 7 em cada 10 pessoas no Brasil

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Definir e reconhecer a tendência e o panorama das doenças e condições crônicas não transmissíveis (DCNTs/CCNTs) é preciso para melhorar o enfrentamento dessas condições.

Os fatores de risco para o desenvolvimento e agravamento das CCNTs, como sedentarismo, tabagismo e consumo de alimentos ultraprocessados, estão na mira dos especialistas. Contudo, novos desafios têm surgido, como é o caso do cigarro eletrônico, já experimentado por 16,8% dos adolescentes entre 13 e 17 anos.

Diferentes setores precisam se unir na identificação de prioridades e implementação das melhores estratégias para reverter a tendências preocupantes, como o contínuo aumento da obesidade no Brasil, com os maiores índices de obesidade no mundo e que já atinge a casa de uma em cada cinco pessoas (22,4%) e mais da metade da população (57,2%) está acima do peso.

A Dra. Deborah Malta, professora associada e pesquisadora da Escola de Enfermagem da UFMG, ressalta que a pandemia da COVID-19 afetou diretamente a mudança nos comportamentos da população, atingindo o combate às CCNTs. Uma das principais alterações foi a diminuição na prática de atividade física de  30,4%, antes da pandemia, para 12,6% durante a pandemia.

Essas alterações se mostram cada vez mais preocupantes quando são analisadas as taxas de mortalidade prematura por DCNTs no Estado de São Paulo. De acordo com o Dr. Marco de Moraes, Diretor Técnico de Saúde na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em 2015 a taxa era de 298,8 óbitos/100 mil habitantes, chegou a 273,6 em 2020 e a meta é atingir 220,7 em 2030. Porém, a previsão é de se alcançar a marca 225,9 em 2030, uma redução que não atinge a meta esperada.

Para reverter esse cenário, faz-se necessário o diálogo da sociedade civil com o governo, como afirma a Sra. Paula Johns, Diretora Geral da ACT Promoção da Saúde. A Agenda Brasil +Saudável, documento elaborado pela ACT Promoção da Saúde e entregue a todos os candidatos e atuais governantes, reúne propostas e recomendações de políticas públicas que contribuam para a prevenção de CCNTs.

A Sra. Paula destaca que algumas das prioridades devem ser referentes à nova rotulagem frontal dos alimentos, que entrou em vigor em outubro de 2022, e a tributação de alimentos ultraprocessados. Segundo ela, “os períodos longos de implementação são um problema”. Ela alerta que na prática, o consumidor vê dois pacotes de bolacha, porém apenas um está com a nova identificação, o que confunde na tomada de decisão”.

Assim, os desafios no enfrentamento e combate às CCNTs no Brasil e no mundo suscitam ainda mais a busca de estratégias e soluções a curto, médio e longo prazo para fomentar cada vez mais iniciativas de diferentes partes interessadas, sejam elas públicas ou privadas. Pensando nisso, mais de 150 instituições dos diferentes setores produziram uma carta de prioridades para o combate das CCNTs no Brasil e entregaram à Ministra da Saúde e outras lideranças e autoridades, no final de janeiro.

Segundo o Dr. Mark Barone, coordenador geral do FórumDCNTs, “a definição de prioridades e o alinhamento entre setores e níveis de atenção é absolutamente urgente para termos alguma chance de avanços nessa pauta e, idealmente, consigamos reduzir em 1/3 as mortes prematuras por CCNTs até 2023 – ODS 3.4”.

Fonte: www.ForumDCNTs.org