Produtos do agro valorizam 19% no exterior
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Em 2022, o agro brasileiro conseguiu exportar seus produtos a preços mais altos, segundo dados compilados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
De acordo com a entidade, cada tonelada de produtos exportada pelo setor rendeu ao Brasil uma média de US$ 680,59, alta de 18,95% sobre a receita alcançada nos negócios realizados ao longo de 2021.
Embora a variação tenha de ser analisada com cautela por estar diluída entre mais de 190 categorias de produtos vendidas no exterior, nos itens que lideram a pauta, a análise dos preços indica aumentos ainda maiores.
A valorização é creditada pela entidade à inflação global, que vem puxando para cima custos com combustíveis, insumos e processos logísticos na esteira da pandemia e da Guerra na Ucrânia. Foi decisiva, no entanto, a forte demanda por commodities alimentares no exterior, especialmente as passíveis de estoque, que permitiu aos exportadores não só repassar o aumento nos custos, como também ampliar as margens.
“Na maioria dos produtos, os preços subiram para acompanhar a alta nos custos de produção, mas houve muitas situações em que os reajustes ocorreram acima da média geral e significativamente acima da inflação brasileira [5,79%, segundo o IBGE], sobretudo nos itens que lideram a pauta. Há ainda o dólar valorizado em relação ao real favorecendo as margens. Esses dados nos fazem acreditar que os exportadores realizaram lucros importantes em muitos negócios”, analisa Tamer Mansour, secretário-geral da entidade.
Em 2022, as exportações do agro brasileiro somaram US$ 135,157 bilhões, avanço de 35,41% sobre o ano anterior. Entre os ‘top 10’ da pauta, o café foi o produto que mais valorizou. Os negócios envolvendo o grão foram realizados a um preço médio 56,93% mais alto, em média US$ 4.000,42 a tonelada, no conjunto dos países compradores.
Em seguida vem o milho, com alta de 37,85% e preço médio de US$ 282,65 a tonelada. A soja segue o ranking, com alta de 31,75% e preço médio de US$ 591,20 a tonelada. O óleo de soja vem em seguida, com preço médio 23,80% mais alto, no caso US$ 1.512,27 a tonelada. As aves valorizaram 22,69%, com a tonelada vendida a US$ 2.007,84.
Nos 22 países árabes, de especial interesse para a câmara de comércio, a cesta do agro foi comercializada a preço médio 14,40% mais alto, no caso US$ 570,84 por tonelada. Comparado ao preço médio das vendas a todos os países, que valorizou 18,95%, esses números sugerem que os árabes conseguiram negociar alimentos a preços mais baixos em relação ao todo do planeta, o que se confirmou em itens importantes da pauta, como carne bovina (US$ 4.404,13 por tonelada na Liga Árabe, contra US$ 5.753,74 no mundo), soja (US$ 579,84 e US$ 591,20), milho (US$ 273,96 e US$ 282,65), açúcar (US$ 395,15 e US$ 403,20), café (US$ 3.962,57 e US$ 4.000,42) e trigo (US$ 310,83 e US$ 314,80).
Houve casos, no entanto, em que os brasileiros conseguiram impor preços mais de seu interesse. Uma dessas situações ocorreu no comércio de frango, produto de destaque na pauta para a Liga Árabe. Os árabes, que vem fazendo aportes bilionários para ampliar a oferta local da proteína avícola e depender menos da ave importada, pagaram em média US$ 2.171,98 pela tonelada do frango brasileiro, alta de 26,35% sobre o preço do ano anterior e ligeiramente acima dos valores praticados globalmente (US$ 2.022,89).
Para Mansour, o prêmio pago pelo comprador árabe aos frigoríficos brasileiros evidencia a competitividade do setor, que desde anos 1970 vem se especializando em atender a Liga Árabe, com fornecimento regular de frango de padrão islâmico (halal), em peças inteiras com peso entre 0,8 e 1,2 kg, como prefere o cliente do bloco.
“A alta especialização dos frigoríficos de aves mais uma vez permitiu ao setor colocar frango nos mercados árabes nas quantidades, no padrão, no preço demandados e até mais competitivo do que o frango local subsidiado pelo petróleo”, diz Mansour.
Ano passado, os 22 países da Liga Árabe absorveram 1/3 das exportações de frango nacional. A região rendeu receitas de US$ 3,169 bilhões, 30,88% de alta sobre 2021. Os volumes cresceram 4,18%, para 4,42 milhões de toneladas, outro indicativo de valorização.