Investimentos em PCHs e CGHs no Brasil somam R$ 7,9 bilhões em cinco anos

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Mesmo passando por um longo período de entraves e de dificuldades para obtenção de licenciamento ambiental, o setor de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e de Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) aparecem como tendência no setor, com a geração de energia renovável e de menor impacto. Apenas nos últimos cinco anos, foram investidos cerca de R$ 7,9 bilhões para a construção de 113 novos empreendimentos no Brasil.

Ao todo, entraram em operação entre os anos de 2018 e 2022, 63 PCHs, totalizando a geração de 799 megawatts (MW) de potência e 50 CGHs, com a geração de 103,31 MW de potência.

Os investimentos representativos poderiam ser ainda maiores. Isso porque o Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas em até 13.700 megawatts – aumento em aproximadamente quase 300%.

“O aumento dos investimentos em PCHs e CGHs deverá reduzir as tarifas e eliminar futuras bandeiras tarifárias”, afirma a presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), Alessandra Torres de Carvalho. A presidente explica que, com um maior investimento em PCHs e CGHs é possível diminuir a geração de usinas termelétricas, fazendo com que o Brasil produza uma energia mais limpa e mais barata.

Perspectivas
O setor de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) do Brasil espera que a construção de novas unidades avance ainda mais a partir de 2023, com empreendimentos já outorgados, que aguardam licenciamento ambiental para início da obra, e de projetos registrados e aceitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Apenas com os incentivos da Lei 14.182 de capitalização da Eletrobrás – que condiciona o processo de desestatização da companhia à contratação de no mínimo 50% da demanda para PCHs até que seja atingida a marca de 2 mil MW – já seria possível aumentar em 30% o número de pequenas usinas no Brasil. A ABRAPCH estima que haja um potencial de investimentos de R$ 131 bilhões no setor.

Cenário
Atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 5.560 megawats (MW) de energia gerada. São 1.046 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 2.013.

A Abrapch, com base em relatórios da Agência Nacional de Energia (Aneel), informa que apenas na região Sul, existem atualmente 407 PCHs e CGHs em operação, com potencial para outros 828 projetos.

Já na região sudeste existem 348 pequenas usinas em operação e a possibilidade de instalação de outras 512. No Centro-Oeste estão 182 pequenas usinas geradoras de energia, com potencial para outras 561. No Nordeste estão operando 50 PCHs ou CGHs e 114 locais seriam aptos para instalação. Já na região Norte do país estão em operação 59 usinas, com potencial para outras 108, com baixo impacto ambiental.

Para a Associação é fundamental atender a demanda pela geração de energia de fonte hídrica, com distribuição de investimentos e empregos pelo país, trazendo os benefícios ambientais, sociais, econômicos e energéticos que as PCHs representam. “Vamos reforçar a pauta da necessidade de uma maior isonomia tributária e de incentivos em relação às outras fontes, para a viabilização comercial dos projetos disponíveis” , reforçou o vice-presidente da ABRAPCH, Ademar Cury.

Benefícios ambientais
Para a Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch), a atenção a esse tipo de porte de empreendimento pode garantir que mais nenhuma grande usina seja instalada em áreas sensíveis do país, como a Amazônia. As unidades menores têm, entre as vantagens, o fato de precisarem de áreas reduzidas de alagamento e de atenderem a comunidade local, dispensando extensas linhas de transmissão.

Para a diretora de Assuntos Ambientais da Abrapch,Gleyse Gulin, a evolução dos processos de planejamento e construção das PCHs e CGHs está tornando a atividade cada vez mais sustentável. Ela conta, inclusive, que algumas máquinas em teste no Brasil e outras já disponíveis para a importação, geram energia simplesmente ao serem mergulhadas no rio, aproveitando a correnteza, e sem necessidade de grandes intervenções no meio ambiente.

​​“Além disso, as estruturas das pequenas usinas protegem as margens dos rios contra a erosão e possibilitam o uso das águas para irrigação, piscicultura, abastecimento e lazer. A energia gerada por PCHs e CGHs é configurada como a mais limpa entre as outras fontes sustentáveis”, afirmou a diretora de meio ambiente da ABRAPCH, Gleyse Gulin.

Entre as vantagens das PCHs e CGhs também estão a geração próxima à carga, redução de perdas, menores investimentos em transmissão, tecnologia 100% nacional, desenvolvimento científico/tecnológico, geração de empregos e capacidade de regularização das vazões dos rios, irrigação e abastecimento humano nos setores agropecuário e de saneamento básico.