CVC: como implementar um fundo e montar uma equipe?

O número de novos fundos de CVC (Corporate Venture Capitals, na sigla em inglês – Capital de Risco Corporativo, em português) continua a aumentar.

De acordo com dados da CBinsights, os investimentos realizados por CVC aumentaram mais de dez vezes na última década.

“À medida que mais corporações consideram adicionar essa função de inovação, é natural se preocupar em como implementar um esforço de CVC adequadamente”, afirma Peter Seiffert, fundador e CEO da Valetec Capital – gestora de investimentos em participações.

“Muitos programas corporativos morrem jovens. De acordo com um estudo do INSEAD de 2017, o programa médio de CVC dura apenas quatro anos“, reporta.

continua depois da publicidade

De acordo com Seiffert, uma das principais causas para que estes programas corporativos não evoluam é o fato de que muitas empreitadas têm início sem planejamento e desenho adequado.

Para ele, iniciar um programa no formato “tentativa e erro” para que sejam aprendidas lições é algo que tende a dar errado.

Estruturar um time adequado, por exemplo, prossegue o executivo, é fator chave de sucesso muitas vezes negligenciado – é comum que haja dúvidas sobre a maneira como deve ser montada uma equipe de CVC em uma corporação e sobre as habilidades e formações que os profissionais deste tipo de empreendimento devem possuir.

“Determinados passos devem ser tomados no processo de implementação de um fundo de CVC. Para começar, é necessário um profundo conhecimento e experiência nos dois lados de uma operação de CVC: a visão do gestor corporativo e a visão do investidor”, afirma.

De acordo com o empresário, é através da visão do gestor corporativo que uma gestora de investimentos em participações demonstra que “fala a língua das corporações”: “Uma gestora deve contar com profissionais com sólido background financeiro e de negócios, com um intenso histórico de investimentos”.

continua depois da publicidade

Como montar uma equipe de CVC em sua corporação?
Seiffert destaca que as empresas que pretendem montar uma equipe de CVC têm à sua disposição ao menos três opções: montar internamente, contratar um gestor especialista ou um modelo misto.

“Estruturar uma equipe é uma das questões mais importantes ao iniciar um fundo corporativo. Embora possa haver um benefício estratégico considerável de controlar um fundo com membros da equipe interna, geralmente é difícil encontrar membros do time interno com experiência suficiente em capital de risco”, reconhece.

Para o CEO, uma alternativa é contratar profissionais do setor, uma abordagem que normalmente requer um orçamento para motivar e reter uma equipe. A seguir, ele destaca alguns pontos que devem ser considerados na hora de implementar uma equipe de Corporate Venture Capital em uma corporação:

  1. Experiência – A experiência é essencial, porque tende a atrair um fluxo de negócios de qualidade e evitar erros dispendiosos.
  2. Julgamento – A capacidade de avaliar startups, identificar os principais riscos, entender os modelos de negócio e evitar erros deriva da experiência de analisar milhares de negócios;
  3. Relacionamentos – A rede de profissionais de mercado (incluindo empreendedores, prestadores de serviços e muitos outros) cresce com base na experiência e fornece acesso às melhores oportunidades de investimento. Para Seiffert, parceiros externos e contratados, que formam uma equipe mista, devem demonstrar relacionamentos ativos com profissionais, hubs de inovação, empreendedores, startups e demais investidores do ecossistema.
  4. Resultados – Um parceiro externo experiente ou contratado interno terá um histórico de investimentos verificável que pode gerar confiança internamente na corporação e no mercado. “Procure um parceiro (ou um indivíduo, se você estiver construindo uma equipe internamente) que compilou um histórico com retornos positivos, tanto em retornos estratégicos como financeiros”, aconselha.
  5. Reputação – Confiança é construída através do tempo, baseado na construção de outros fundos. “Segundo o relatório do INSEAD, a contratação de pelo menos um investidor experiente se correlaciona com o sucesso contínuo”, cita Seiffert. Um parceiro externo, mais um indivíduo experiente, pode dar credibilidade a novos participantes no mercado de capital de risco porque a confiança é conquistada por meio de experiências de investimento compartilhadas ao longo do tempo”.
  6. Escala – A escala pode ser alcançada com um compromisso financeiro significativo para a construção de uma equipe interna em várias geografias e por meio de parcerias externas: “Os parceiros externos podem evitar a construção de infraestrutura cara e demorada que pode atrasar os benefícios do seu programa”. 

continua depois da publicidade

Na análise do CEO da Valetec Capital, vale considerar parceiros externos, porque o Corporate Venture Capital exige uma combinação de foco e profissionais treinados, elementos desafiadores para montar internamente.

“Há quatro razões principais para considerar a assistência externa para lançar seu esforço de capital de risco corporativo: experiência, escala, independência e profissionalismo”, explica. “Você pode tanto optar por promover de dentro, quanto contratar um parceiro, usando esses critérios para ajudar a criar uma equipe mista para lançar um programa de corporate venture capital e aumentar a longevidade do seu programa”, ressalta.

O custo de aprendizado de um time ou profissional ainda em formação pode custar muito caro em custo de oportunidade e despesas operacionais maiores para se viabilizar a mesma operação, afetando também resultados e o próprio potencial de perenidade da iniciativa de CVC, observa Seiffert.

“Ao avaliar possíveis contratações de parceiros externos, procure evidências de confiabilidade e alinhamento de incentivos – o que pode ser fornecido por referências”, conclui. Para mais informações, basta acessar: http://www.valelec.com.br/