Infectologistas reforçam a importância da vacinação contra poliomielite

Médicos infectologistas estão reforçando o alerta nacional aos pais para que vacinem seus filhos contra a poliomielite, evitando riscos de reaparecimento da doença e de Paralisia Flácida Aguda (PFA), supostamente atribuível à vacina poliomielite oral (VOP).

A médica infectologista, Viviane França de Macedo, do Eco Medical Center, em Curitiba, diz que a baixa adesão por parte da população, além de colocar em risco a saúde de quem não se imuniza, pode levar ao ressurgimento de doenças de fácil contágio que já haviam sido eliminadas, como a poliomielite.

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“O retorno de antigas doenças já eliminadas ou controladas no país trazem impacto na saúde pública, assim como impactos sociais e econômicos. Isso porque muitas dessas doenças acabam sobrecarregando o sistema de saúde, gerando óbitos ou sequelas graves e deixando os indivíduos com deficiências motoras ou cognitivas de forma permanente”, alerta a infectologista.

Número de vacinas
Mais de dois meses após o início da campanha de vacinação contra a poliomielite, o Brasill segue com a mais baixa cobertura de imunização da doença em mais de quatro décadas.

A meta do Ministério da Saúde é vacinar 95% das crianças com menos de 5 anos. Mas, até agora, só 65% delas já tomaram as doses.

Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, a situação é ainda mais preocupante. Nem a metade do público-alvo foi vacinada até agora. Só lá, são 160 mil crianças com a caderneta atrasada contra a poliomielite.

No Paraná, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que a meta de vacinação da campanha poliomielite, por exemplo, é de 95% em crianças menores de 5 anos, mas apenas 72,5% do público estimado recebeu a vacina.

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Em recente campanha nacional, a estimativa era vacinar mais de 620 mil crianças em todo Paraná, mas o número de doses foi de aproximadamente 450 mil.

A médica infectologista, Camila Ahrens, que também atua no Eco Medical Center, em Curitiba, reforça que entre os anos de 1989 a 2012, foram aplicadas  764 milhões de doses de VOP em crianças de todo país.

“Neste período ocorreram somente 50 casos de pólio vacinal. A partir de 2012, com a introdução do esquema sequencial VIP/VOP não ocorreram mais casos de pólio vacinal no país”, enfatiza.

Segundo ela, na caderneta de vacinação da criança não consta registro de vacina inativada poliomielite (VIP), que deve ser administrada anteriormente à vacina poliomielite oral (VOP), bem tolerada e que, muito raramente, está associada a algum evento adverso grave.

“Destaca-se que o risco de paralisia flácida aguda com a VOP é muito raro e quando a VOP é aplicada como reforço após o esquema básico com a vacina VIP esse risco é praticamente nulo”, completa.

Ela reforçou ainda que o recente caso de poliovírus Sabin Like 3, detectado em uma criança no estado do Pará, não tem caráter transmissível e não altera o cenário epidemiológico no território nacional.

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Motivos da baixa adesão vacinal 

Para a infectologista, Viviane França de Macedo, a queda na vacinação das crianças tem sido observada principalmente a partir de 2018, quando especialistas já alertavam para o perigo da baixa cobertura vacinal.

“A pandemia da covid-19 devido ao isolamento social reduziu drasticamente as taxas de vacinação contra as principais doenças infantis. Além disso, nesse período muitos movimentos contra-vacina ganharam força nas redes sociais desencorajando pais e responsáveis a vacinarem seus filhos”, completa.

Outro motivo que pode agravar a situação, segundo ela, é que as novas  gerações desconhecem as doenças infecciosas preveníveis por vacina, justamente porque desapareceram pela ação preventiva da vacina.

“Além disso, é necessário um vínculo importante entre paciente médico para que a vacinação possa ser reforçada e realizada. Os pais que tem um bom vínculo com o médico que recomenda e orienta a vacinação normalmente vacinam mais seus filhos”, disse.

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Informações sobre a doença
A poliomielite, comumente denominada de pólio, é uma doença altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem, sendo uma doença em processo de erradicação.

Há também a poliomielite associada ao vírus vacinal (vaccine-associated paralytic polio- myelitis, VAPP), ou poliomielite pós-vacinal, que se caracteriza pelo desenvolvimento da doença, pós-exposição de vacina. Ocorre de forma idêntica à que ocorre com o vírus selvagem, com a possibilidade de gerar sequelas motoras definitivas.

O modo de transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, por meio de gotículas de secreções (ao falar, tossir ou espirrar), pela via fecal-oral (mais frequente), por alimentos, objetos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores. Possuir uma condição de habitação precária e sem saneamento básico pode favorecer a transmissão do poliovírus.

Não há tratamento específico para a poliomielite. Todos os casos devem ser hospitalizados e monitorados, com o tratamento de suporte, de acordo com o quadro clínico do paciente.

As ações para conter a disseminação do vírus iniciaram na década de 60 com o advento de duas vacinas (oral e inativada). Após 1985 iniciou-se o processo para atingir a meta de erradicação da pólio mundialmente.