Relacionamento amoroso na terceira idade contribui com o envelhecimento saudável

Muitas pessoas enxergam a fase após os 60 anos como um momento de reclusão e dedicação a cuidados com os netos.

No entanto, profissionais da saúde reforçam a importância de relacionamentos amorosos para pessoas na terceira idade por garantir uma vida social mais ativa, evitar a solidão e afastar problemas psicológicos.

Pessoas na fase mais avançada da vida, ao estar em um relacionamento, sentem mais vontade de sair de casa e praticar atividades do cotidiano.

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Sabendo que no Brasil há mais de 30 milhões de indivíduos com mais de 60 anos de idade, essas informações ganham maior impacto. A estimativa é de que o país atinja a quinta maior população de idosos no mundo em 2030, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).

Dentre alguns dos benefícios que o amor na terceira idade proporciona, um deles é a redução do risco de demências. Márcia Sena, especialista em envelhecimento ativo e qualidade de vida na terceira idade, da Senior Concierge, afirma que idosos que passam muito tempo sozinhos tendem a desenvolver transtornos de ansiedade e depressão.

Essas e outras doenças podem ser minimizadas com o contato regular de uma companhia amorosa, que possibilita o indivíduo compartilhar seus dias e se manter ativo.

Além do fator psicológico, o físico também pode ser alterado. A especialista informou que a solidão pode elevar o nível dos hormônios que causam estresse e inflamações, como a adrenalina e o cortisol.

“O resultado pode ser o aparecimento ou agravamento de doenças cardíacas, depressão, diabetes tipo 2, demência e outras”, complementou.

Nota-se, portanto, que o contato social auxilia tanto com as questões cognitivas, físicas e funcionais, quanto contribui para a longevidade. O envolvimento com outras pessoas permite trocas de afeto, experiências e faz com que os idosos se sintam mais acolhidos.

Conforme Márcia, há melhoras também de humor devido ao melhor desempenho do organismo. “O amor eleva a autoestima e, consequentemente, a sensação de bem-estar da terceira idade”, comentou.

A própria literatura científica indica que o amor próprio está relacionado com os resultados de vida, como o trabalho, a saúde, as relações humanas e o envelhecimento saudável.

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No entanto, a especialista acrescentou dizendo que não existe somente o amor romântico para as pessoas com mais de 60 anos, elas ainda sentem prazer sexual.

A atividade sexual é sempre muito relacionada a jovens e adultos, sendo vista como um tabu para os demais. A profissional explica que a troca de intimidade com o parceiro gera benefícios endógenos pela liberação de hormônios, como a ocitocina — que reduz o estresse e melhora o humor.

“Comenta-se muito já sobre como envelhecer com qualidade de vida, mas ter o amor, romance e sexo presentes também corroboram para o pleno envelhecimento. Apesar de haver mais discussões sobre etarismo atualmente, elas sempre se voltam muito para a questão da discriminação e a inserção dos 60+ nas empresas”, finalizou.

Luto
É comprovado que a perda de alguém, por sua natureza, resulta-se em dor. Mas para o idoso, por conta de sua fragilidade psicológica, a dificuldade em aceitar o falecimento de seu parceiro é ainda maior.

Márcia Sena comentou sobre as fases do luto e fala da necessidade em oferecer apoio ao idoso. “Ao ser informado sobre o falecimento de um conhecido, passa-se pelo momento da raiva e negação. O choque é instantâneo, desencadeando a aflição e a busca pelo isolamento.” Quanto ao tempo de duração para cada reação, ela diz que varia de acordo com o indivíduo.

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Na próxima etapa, o enlutado cria esperança de que ocorra uma cura divina e a pessoa que faleceu volte aos seus braços. Os sentimentos de tristeza profunda, ansiedade e culpa são quase que inevitáveis posteriormente, segundo a profissional.

Em razão disso, vem o quarto estágio, incumbido de desespero e transtorno. Psicólogos aconselham o estabelecimento de muitas conversas para impossibilitar a chegada de uma depressão e conseguir passar para o estado de superação e aceitação.

Márcia reitera que depois de enfrentar as fases iniciais, aquelas do choque e do entorpecimento, aos poucos, o idoso vai retomando para seu estado natural. “Mesmo com o forte sentimento de saudade do companheiro, é esperado que ele se adeque ao seu novo cotidiano e retome com suas atividades”, pontuou.

Para tanto, ela recomendou ações práticas capazes de amenizar sofrimento e auxiliar na reorganização do emocional.

“O estabelecimento da comunicação aberta entre a família para que o enlutado compartilhe suas dores e seja amparado é fundamental. Incentivar à realização de terapia também pode ser um bom caminho. Mas também, proporcionar momentos de descontração, como sair de casa, fazer passeios e se envolver socialmente com novas companhias é essencial”, concluiu.