Banco Central sinaliza juros acima de 13%
No último dia 2 de maio, o Comitê de Política Monetária (COPOM) aumentou a taxa básica de juros da economia para 12,75% ao ano. O atual ciclo de aumento dos juros teve início em março do ano passado e deve continuar no futuro próximo, conforme sinalizou a ata da reunião divulgada na terça-feira (10).
Desde 1999, o Brasil adota o sistema de metas de inflação. Neste sistema, quando a inflação esperada pelo mercado é maior que a meta perseguida pelo Banco Central, a taxa de juros sobe, de modo a frear a economia e conter a escalada dos preços.
Segundo o Boletim Focus, a expectativa de inflação para este ano já está em 7,89%, maior que o teto da meta, de 5%. Não por acaso, o mercado prevê uma taxa de juros de 13,25% no final do ano.
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De acordo com os dados do IBGE, cerca de 80% da inflação de abril deveu-se aos itens de alimentação e transportes. Os dois grupos de bens foram muito impactados pelos eventos externos. A pandemia de Covid-19 e a guerra Rússia-Ucrânia.
“A pandemia desarticulou as cadeias produtivas e provocou elevação de custos. A guerra envolveu um grande produtor de petróleo e um importante produtor de grãos. O resultado é menor oferta e maior preço”, afirmou o economista Lucio Silva, do Grupo Euro17.
Ocorre que este é um fenômeno mundial, daí outro motivo para que os juros mantenham a trajetória de alta. Na linguagem peculiar do COPOM: “a reprecificação da política monetária nos países avançados tem impactado as condições financeiras dos países emergentes”. Ou seja, o aumento dos juros nos países desenvolvidos torna esses mercados mais atraentes para investidores financeiros, diminuindo os recursos disponíveis para os mercados emergentes.
Ainda segundo a ata do COPOM: “O Comitê optou, então, por sinalizar, como provável, uma extensão do ciclo, com um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”. Ou seja, os juros deverão subir novamente na próxima reunião nos dias 14 e 15 de junho.
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Efeitos do aumento dos juros na economia brasileira
Os efeitos do aumento dos juros são variados. Por exemplo, há um encarecimento do crédito na economia. Como a taxa básica de juros é referência para as demais taxas, ficam mais caros os financiamentos e empréstimos.
Segundo o Banco Central, a taxa média de juros da economia subiu de 28%, em março do ano passado, para 36%, no dado mais recente, em fevereiro deste ano, descontadas as linhas de crédito direcionadas.
É possível também uma valorização do real frente ao dólar, dado que estrangeiros vêm aplicar recursos aqui, em busca dos juros mais altos.
Isso também contribui para o controle da inflação, já que os produtos importados ficam mais baratos em moeda nacional.
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Outro efeito é a mudança na rentabilidade dos investimentos na economia. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), no primeiro trimestre os fundos de renda fixa registraram a maior captação líquida de recursos dos últimos cinco anos. Com juros mais altos, e o futuro mais incerto, as aplicações deste tipo atraem os investidores.
A perspectiva de queda da inflação também altera o retorno dos investimentos. Hoje, segundo o Boletim Focus, a expectativa de inflação para o próximo ano é de 4,1%, pouco acima do centro da meta. Caso a desinflação se confirme, melhor para os títulos pré-fixados.