Bastidores Dossiê Saúde 10/05/22

Em Bastidores Dossiê Saúde, versão especial da coluna Bastidores, o jornalista Rodrigo Costa destrincha as relações entre o município de Poços de Caldas e empresas terceirizadas na área da saúde, além de outros temas ligados ao setor.

A LUTA CONTINUA
Ao longo dos últimos dias, a Coluna Bastidores – Dossiê Saúde contou com detalhes a história de José Ribeiro do Rosário. Um morador de Poços de Caldas, cidadão comum, que chegou caminhando ao Hospital Municipal Margarita Morales e morreu após esperar por mais de 10 dias sua transferência para um hospital especializado. Após seu falecimento, a família buscou incessantemente pelo prontuário médico.

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DIREITO AO PRONTUÁRIO
O Conselho Federal de Medicina, em 2014, recomendou que todas as instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar forneçam cópia de prontuário do paciente falecido quando solicitados pelo cônjuge/companheiro ou por parentes até o quarto grau, desde que comprovado o vínculo familiar. Desde o dia 16 de fevereiro, a família de José tentou de todas as formas ter acesso ao prontuário. O documento foi negado pelo Hospital Margarita Morales, através de sua então diretora, a médica Juliana Maranhão. Na Secretaria Municipal de Saúde também foram inúmeras as tentativas. No local, especificamente, a irmã de José, após inúmeros questionamentos, recebeu a informação de que o prontuário só seria liberado após análise dos advogados da Secretaria a respeito dos motivos pelos quais o documento estaria sendo solicitado.

ENFIM, UMA RESPOSTA
Ontem, 9, após publicação da Coluna Bastidores – Dossiê Saúde, a família de José, finalmente, recebeu uma cópia do prontuário.

A ANTESALA DA MORTE
As denúncias que envolvem o Hospital Margarita Morales se intensificaram ao longo dos últimos meses. Com uma grande maioria de médicos recém-formados, muitos pacientes, como José, acabam por falecer ou a ter sequelas por falta de perícia dos profissionais contratados pelas terceirizadas. A situação é semelhante na UPA. Os diretores clínicos dessas unidades, previamente à nomeação dos atuais, raramente compareciam nos locais de trabalho. Um deles, inclusive, ia ao trabalho apenas uma vez por semana, aos domingos pela manhã, quando a quantidade de procura por atendimento é relativamente baixa. Com isso, o atendimento ficava sem coordenação, com grande lotação, com médicos recém-formados cometendo erros grotescos e sem uma autoridade médica competente para gerenciar toda a situação.

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TROCA DE MEDICAMENTOS
A Coluna Bastidores – Dossiê Saúde averiguou um caso de medicamentos trocados entre pacientes que ocupavam o mesmo quarto. O paciente diabético recebeu um xarope, enquanto o paciente com pneumonia recebeu uma dose de insulina.

PONTO ASSINADO
Na semana passada, também foi relatado nesta coluna as ameaças e chantagens pelas quais médicos contratados pelas empresas sofrem caso se neguem a dar plantões nos feriados, finais de semana ou ainda cobrir faltas de outros colegas. Novas apurações revelam que Vanderson Zagalio, sócio-proprietário da Prohealth ao lado de sua esposa Juliana Maranhão, a coloca para cobrir os plantões de 12 horas. O detalhe é que ela supostamente permanece trabalhando pelo tempo que achar necessário com o recebimento de 12 horas trabalhadas. A brecha para essa situação seria a inexistência de ponto eletrônico, o que, portanto, explicaria a imensidão de horas extras que já se tornaram públicas.

MOVIMENTAÇÕES
Alegando medo de represálias, Vanderson Zagalio e Juliana Maranhão mudaram de residência nas últimas semanas. Zagalio apagou todas as suas fotos do Instagram. Juliana, porém, permanece prestando atendimento na UPA de Poços de Caldas.

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DEDICATÓRIA
A Coluna Bastidores – Dossiê Saúde é dedicada à José Ribeiro do Rosário, sua família e a todos que sofrem nas filas dos hospitais públicos de Poços de Caldas. O que a população espera neste momento é que a Câmara Municipal de Poços de Caldas, através da recém-instaurada CPI da Saúde, consiga mudar essa história. Leia todas as colunas anteriores aqui.

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