Bastidores 20/04/22

O jornalista Rodrigo Costa comenta os principais fatos dos bastidores de Poços de Caldas.

FILME DE TERROR
Um show de horrores. É dessa forma que pode ser classificada a sessão ordinária da Câmara Municipal realizada nesta terça-feira, 19. O clima esquentou logo na primeira hora com a moção de repúdio proposta pelo vereador Diney Lenon (PT) contra o ex-secretário de Governo Celso Donato, por utilizar suas atribuições legais e prerrogativas do cargo para obter vantagens. Uma referência ao áudio recente vazado que envolve Donato, o show da dupla Jorge & Matheus, a anistia de multas que estavam na Dívida Ativa e 27 ingressos na faixa.

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SEGURA NA MÃO DE DEUS E VAI…
O momento mais constrangedor foi quando o pastor e vereador Roberto dos Santos (Republicanos) fez um malabarismo digno do “Cirque du Soleil” para justificar seu voto contrário à moção. Disse ser contra a atitude de Donato. Mas disse também ser contra a moção. Jogou na roda a possibilidade de uma campanha para o pagamento facilitado de dívida de impostos à população, como aconteceu em Alfenas. E, pasmem, se refere ao prefeito de lá como “cachaceiro”.

ACREDITE SE QUISER
Não, você não leu errado. O vereador Roberto dos Santos se referiu ao prefeito de Alfenas, Luizinho (PT), como cachaceiro. Durante a sessão. No plenário da Câmara Municipal de Poços de Caldas.

ENFIM, APROVADA
A moção de repúdio foi aprovada por 9 votos a 3. Votaram contra Roberto dos Santos, Flavio Togni de Lima e Silva (PSDB) e Wellington Paulista (União Brasil). Se tem vereador com medo de se posicionar em uma simples moção de repúdio, imaginemos em uma investigação mais grave.

PEGA NA MENTIRA
Em outro momento que também mereceu atenção na sessão da Câmara, a vereadora Dra. Regina apresentou mais um requerimento pedindo informações a respeito do Materno Infantil. De acordo com a parlamentar, o que foi dito pela secretaria adjunta de Saúde, Rosilene Faria, na sessão anterior, não está sendo cumprido. Mães que chegam ao antigo Hospital de Campanha para atendimento recebem a informação de que não está sendo realizado no local o atendimento do projeto. Dra. Regina solicitou então, de forma verbal, explicações sobre o caso.

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MANOBRA
Foi nesse momento que o vereador Flavio Togni de Lima e Silva disse já ter conversado com alguns colegas vereadores a respeito de um convite para que o secretário municipal de Saúde, Carlos Mosconi, seu padrinho político, possa ir à Câmara dar explicações sobre a questão do Materno Infantil e sobre as denúncias, como os plantões da médica Juliana Maranhão. O que pareceu uma boa ideia, ao menos em um primeiro momento até mesmo para a oposição, logo ficou claro que seria uma manobra para tentar frear a CPI da Saúde.

A CULPA É DO ESTAGIÁRIO
Os estagiários da Prefeitura Municipal, que recebem apenas R$ 400 para trabalhar por 6 horas, compareceram ontem à Sessão da Câmara para acompanhar a votação de reajuste de salário. O Executivo enviou para a Casa proposta de aumento para R$ 606. A vereadora Dra. Regina apresentou uma emenda, que passou pela Comissão de Justiça, para que o valor fosse de R$ 909, atendendo uma solicitação dos estagiários e dentro do que o orçamento permite. Vereadores estavam dispostos a aprovar o valor. No entanto, mais uma vez, o “craque do jogo do time da Casa Amarela”, Flavio Togni de Lima e Silva, entrou em campo e pediu a retirada do projeto após receber ofício do Executivo. O caos se instalou no local.

CENAS LAMENTÁVEIS
Flavinho recebeu vaias e xingamentos do público presente. Em suas redes sociais, até o momento do fechamento da coluna, eram mais de 20 os comentários questionando sua atitude. Nos corredores da Câmara, começou a conversa de que a culpa da não aprovação do projeto era da vereadora Dra. Regina por ter apresentado uma emenda propondo um valor maior de salário. O buchicho rapidamente chegou no plenário e o que vimos foi a parlamentar afirmar com o microfone na mão que não iria carregar uma culpa que não era dela.

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O REI DA TRETA
No meio de toda essa confusão, quem apareceu no plenário, atrás do vereador Lucas Arruda, foi o ex-candidato a prefeito Geraldo Laier. Mais uma vez provando que onde há Geraldo Laier, há treta.

RÉPLICA I
O superintendente da Santa Casa de Poços de Caldas, Ricardo Sá, através da assessoria de imprensa do Hospital, enviou uma nota contradizendo as informações publicadas neste espaço na edição de ontem, 19, do Jornal da Cidade, a respeito de seus posicionamentos na reunião do Conselho Municipal de Saúde realizada na noite anterior. Na mensagem, informou não estar “nervosinho”, mas, sim, “zangado” pelo fato das pessoas estarem tentando incriminar a Secretaria Municipal de Saúde, “apesar do excelente trabalho realizado em Poços de Caldas para conter a pandemia da Covid-19”. Diz também que “o que aconteceu foi um palco montado para incriminar a Secretaria de Saúde por algo que fez com boa fé e vontade”. E completou dizendo que “se houveram (sic) erros, esses erros precisam ser corrigidos, mas que não há necessidade de se incriminar pessoas sem necessidade”.

TRÉPLICA I
Impossível não deixar de comentar essa primeira parte da nota enviada. Primeiro: uma pessoa zangada não fala para outro conselheiro calar a boca em uma reunião. Segundo: os fins não justificam os meios. Os erros, se existem, devem ser analisados pelos órgãos competentes (no caso MP, TCE e Câmara) para que haja transparência. Terceiro: ninguém questionou a ação do Executivo na pandemia.

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RÉPLICA II
Na mesma mensagem, Ricardo Sá diz que não foi questionado na reunião sobre o fato da médica Juliana Maranhão ter estado de plantão em dois locais diferentes e que essa pergunta foi direcionada à diretora administrativa da Secretaria, Welles Meire Cava, que as respondeu devidamente.

TRÉPLICA II
Durante a reunião, o superintendente de Santa Casa, após exaltar o trabalho da médica Juliana Maranhão, foi questionado por um conselheiro que em nenhum momento a competência da médica estava sendo questionada, mas, sim, como seria possível ela estar de plantão em dois locais ao mesmo tempo. A resposta foi “isso aí você tem que perguntar a ela, traga ela aqui”. Ou seja, como foi publicado na coluna de ontem, o superintendente não conseguiu encontrar uma defesa plausível para o fato.

OBSERVAÇÃO
Vale ressaltar que as reuniões do CMS são públicas e gravadas.