Pódicarda
Na divisa das Gerais, onde o povo fala UAI, tem um lugá maravilhoso, que era orgulho de meu pai.
De tão bela essa cidade, conhecida em todo o mundo, recebeu Getúlio Varga, e até Pedro Segundo.
Sua história foi tão bela, cum tristeza contá, o montão de coisa boa, que eles deixaro acabá.
Nessa terra tinha jardins, e com belezas, nota mil, era chamada cidade das rosa, a mais bunita do Brasil!
E o seu povo radiante talentoso na cultura, sempre destacô nas arte, desde a música até a pintura.
Era tudo bem cuidado, e cum sardade vou lembrá, dos lugares tão bunito pra turista visitá.
Tinha o Véu cum restaurante, iluminando a cascata, uma beleza incomum, que encantava a turistada.
Tinha o trem da Mogyana, que era uma joia rara, que rasgava as montanha, nos ligando cum a Prata.
Tinha lá no pé da serra, um lugar especial, que foi feito cum carinho, pelo povo oriental.
Lá tinha uma maravilha, que deixaro incendiá, e ficô só na lembrança, nossa casinha de chá.
Nossa serra imponente, pra até gringo se encantá, tinha inté um restaurante, para o povo lanchá.
Nessa serra inauguraram no tempo do Ronardão, o famoso teleférico, que era nossa atração.
Mas cum ganância e incompetência, e o achismo a se somá, abandonaro tudo, até se sucateá.
Mas o que muitos não sabem, o poeta vai contá, que eles fizero essa mardade, para os bens privatizá.
E a cidade ficô triste, sem nenhuma atração, pois cortaram a seresta, o meu Blues e o Lirão.
E gora essa gente que aqui não tem raiz, quer gastá cum presepada, num projeto infiliz.
Jogam as verba no ralo, com supérflua contratação, do aluguer de um painé, que é “quase duzentão”.
Lembro de quando xingavam, no tempo dos coroné, hoje é de dá sardade, de barão a Zé Mané.
Acabaram cum a orquestra, a sinfonia e o sambão, só porque os forastero num respeita tradição.
Ainda bem que o tempo passa, e o mal não é eterno, aqui se faz aqui se paga, num pricisa ir pro inferno, uai!
* Luciano Boca é músico e compositor.