Sociedade e representação
Nem todos os dias temos tempo para pensar nos cidadãos que colocamos nos cargos públicos eletivos, os quais governarão uma cidade. Anterior a 1964 os vereadores eram eleitos por serem pessoas que prestavam reconhecidos serviços à sociedade.
Assim é que, homens e mulheres de bom senso eram escolhidos para governar os municípios com o objetivo único de servir. Não havia remuneração, portanto o cargo não era tão cobiçado, como se fosse um emprego numa instituição privada ou pública.
Os representantes do povo ao elaborarem as leis faziam visando o bem-estar coletivo e não a interesses de grupos ou apadrinhados. Todos nós, com mais de 70 anos, lembramo-nos do lançamento da candidatura do “Cacareco”, um hipopótamo de circo ou zoológico que foi a figura caricata de uma das eleições para o governo de São Paulo e o mesmo, parece-nos ficou à frente de muitos candidatos.
Em outro momento foi lançada a candidatura do “Macaco Tião”, animal do zoológico do Rio de Janeiro, que teve uma votação razoável, deixando para trás vários candidatos na apuração final. Essas atitudes que a sociedade toma, em relação a essas figuras caricaturais, têm uma razão para acontecer, pois mostram uma coletividade insatisfeita com o quadro político.
E a sua maneira de protestar é com a blague, a pilhéria e o chiste. A lei nos obriga a votar. Entretanto não somos obrigados a engolir qualquer nome que nos seja imposto. Daí elegermos uma forma de protesto que demonstre a nossa aversão ao que se assemelha a incúria e incompetência.
Os candidatos podem ser, muitas vezes, populares, mas isso não quer dizer que tenham o entendimento e a compreensão para estar sentados na cadeira de uma Câmara. Tornam-se meros joguetes nas mãos daqueles que movem as cordas como se marionetes fossem.
Eleito, vereador, prefeito e o que mais vier, esquecem o Partido pelo qual se elegeram. Assessoria? Nem pensar! Tomam atitudes por conta própria e não medem as consequências dos seus atos. Daí, acreditamos, a atitude e a fala do prefeito e do vereador, reais representantes do povo, e antes de tudo como cidadão – é ser o rosto e não uma mera caricatura.
Hoje não estamos percebendo uma luzinha no final do túnel. Vereadores marcam suas presenças dentro e fora do seu espaço político como políticos despreparados para a função que foram eleitos.
* Hugo Pontes é professor, poeta e jornalista. E-mail: hugopontes@pocos-net.com.br