Entrevista: André Vilas Boas
Advogado poços-caldense é pré-candidato a deputado nas eleições de 2022
Aos 27 anos de idade, o advogado poços-caldense André Vilas Boas é o líder o partido Novo no Sul de Minas. Depois de passar pelo PSDB e quase se filiar ao Solidariedade, foi com o partido do governador Romeu Zema que ele encontrou sua identidade.
Filho de empresários e sócio em um escritório de advocacia no centro da cidade, já colocou o pé na estrada em sua pré-candidatura à deputado estadual. Ele concedeu entrevista à revista digital One Weekend, que o Jornal da Cidade reproduz abaixo.
Em 2020 o partido Novo de Poços de Caldas passou por uma forte turbulência interna envolvendo a figura do então pré-candidato a prefeito Coronel Frederico. O que de fato aconteceu? Hoje, internamente, como está o partido?
André – A situação com o Coronel Frederico serviu de grande aprendizado para o Partido. Tudo iniciou-se com a necessidade urgente de buscar candidatos para o processo seletivo (lembrando que o Novo tem processo seletivo para os filiados que pretendem disputar eleições).
Ocorre, que diferentemente deste ano, que estamos tendo tempo para uma preparação mais robusta, em 2019, quando foi formalizado o diretório em Poços, faltava apenas um mês para o fim do processo seletivo. Era necessário encontrar um candidato urgentemente.
O Coronel Frederico foi apresentado ao grupo. Homem educado, letrado e com experiência de gestão. Começou-se então o início do namoro. Mas como em todo relacionamento, a convivência mostra quem realmente as pessoas são. Nesse momento é importante ressaltar que não temos nenhuma crítica de caráter ou de princípios do Coronel. Mas, em relação a gestão de pessoas no meio político foi um desastre.
Acredito que, e digo isso sem tom de crítica, mas apenas com um olhar de observador, que o Coronel estava acostumado com a gestão de militares, onde o princípio da hierarquia impera: “eu mando e vocês obedecem”. Na política não é assim.
Também em 2020, seu nome chegou a ser cogitado como candidato a vice-prefeito pelo partido Solidariedade como vice do candidato João Alexandre. Qual o motivo do recuo?
André – João Alexandre foi meu professor em dois colégios, Dom Bosco e Jesus Maria José. Entre os alunos, João sempre é lembrando como um professor sério, mas ao mesmo tempo muito atencioso. Talvez um dos melhores professores que já tive. Em certa data, no mês de março de 2020, João me fez uma proposta: “montar uma alternativa política de centro”.
Ele, conhecido no meio político por ser alguém mais ligado à esquerda e eu, por ser alguém com base mais ao eleitor da direita. Conversamos por alguns dias, se não me falha a memória, por umas duas semanas. O discurso do centro é lindo, mas na prática é bem difícil.
Todos nós temos valores que dificilmente deixamos de lado ou aceitamos que não sejam prioridade. Me lembro que o início do meu descontentamento foi quando eu disse que em minha visão, a prioridade, inegociável, para um plano de governo era a reforma administrativa.
Repare no meu vocabulário. Utilizei a expressão “inegociável”. Quem usa uma expressão dessa está disposto a ceder? Não. Mas a proposta feita não era de algo de centro? Pois é. Depois das eleições eu fiz uma grande reflexão sobre o tema, chegando a, inclusive, conversar com o João Alexandre.
Ele estava de coração aberto para uma candidatura de centro. O problema (ou não) foi que eu não fui uma pessoa maleável. Acabei encontrando meu espaço no Partido Novo, a convite do atual Presidente, o Sr. Fábio Jorge. Confesso que ainda continuo acreditando que a prioridade da gestão municipal é a reforma administrativa. Se fosse candidato a Prefeito, seria minha bandeira (inegociável rs).
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Qual a sua avaliação dos 100 primeiros dias de mandato do Prefeito reeleito?
André – Toda e qualquer gestão está focada integralmente no combate à pandemia. Não tem como ser diferente. No que se refere a gestão da pandemia nesses 100 dias, muito mais acertos do que erros. Tenho andado o Sul de Minas e Poços é uma das cidades que tem a melhor logística de vacinação. Mérito do Prefeito.
Agora, passando a crise da pandemia, deverá o governo municipal investir nas pautas grandes: reforma administrativa principalmente. Estamos acostumados com pautas pequenas no Brasil. Esse paradigma precisa mudar.
Em Poços de Caldas, o partido Novo é situação ou oposição?
André – É independente. Algumas pessoas me perguntam o que é ser independente. Ser independente é poder votar a favor do que você concorda e contra aquilo que discorda.
O Partido Novo pretende formar uma base eleitoral na cidade para disputar as eleições municipais em 2024 para Prefeito?
André – É um projeto real, que já está sendo construído. A preparação para as eleições de 2022 inexoravelmente gera impactos na eleição de 2024. O Novo terá candidatos a deputados em Poços de Caldas em 2022 e terá candidato a prefeito em 2024.
Isso significa que não tem composição com outros partidos para o bem de Poços? Lógico que não. Existe sim. Política é a arte do diálogo. Mas nosso norte é esse: criar relevância no debate público municipal, estadual e nacional.
O número de filiados do partido Novo aumentou ou caiu no Estado de Minas Gerais? Como você avalia a desfiliação do atua vice-governador?
André – Caiu bastante. Isso se deve por dois fatores. O primeiro é que é natural após as eleições o número de filiados cair. Isso ocorre em todos partidos.
O segundo motivo se deve a uma postura mais crítica do partido em relação ao Bolsonarismo. Algumas pessoas não concordam e decidiram por deixar a legenda.
O Novo tem como filosofia “Menos Estado” e “Mais Liberdade Econômica”. Logo, por essa lógica, podemos dizer que você é a favor da privatização do DME e do DMAE?
André – Excelente pergunta. Mais liberdade econômica implica em mais concorrência, que por sua vez gera mais possibilidade para o consumidor, que pode escolher o que entende como melhor pra si. Nós, liberais, dizemos sempre que a melhor defesa do consumidor não é a lei, mas sim a concorrência.
A concorrência permite você separar o joio do trigo. Entretanto, a literatura liberal já reconhece que existem mercados não-concorrenciais. O que isso significa? São mercados que não suportam duas empresas explorando o mesmo serviço.
Imagine comigo. O DMAE tem todo um custo de tubulação, estações de tratamento, entre outros. Esse custo só faz sentido se ela for explorar o serviço na cidade inteira. Não tem espaço para duas empresas na mesma cidade. Logo, o intuito de privatizar para gerar concorrência não ocorre em cenários assim. Em circunstâncias como essas, a privatização não é a maior prioridade.
A prioridade é o serviço bem prestado. Se o munícipio e presta bem o serviço e a empresa tem saúde financeira, tudo bem. Se o munícipio não consegue gerenciar, devemos privatizar.
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Como está o planejamento de sua pré-campanha à deputado estadual?
André – O planejamento está indo muito bem. Mas devo dar uma informação. Não é mais certeza se a candidatura será para deputado estadual, existindo grande pressão do partido para que a minha eventual candidatura seja a deputado federal. Sobre isso, conversaremos em breve. O assunto ainda é prematuro.
Um jogo rápido para entender a sua postura no cenário político atual. Qual a sua avaliação
sobre o Governo Federal?
André – Alguns Ministros muito bons, a exemplo do Ministro Tarcísio. Presidente tosco e xucro na
fala. Não perdia nada em ficar calado.
E a oposição?
André – Exagerada. Alguns discursos da oposição tiram totalmente a credibilidade do movimento.
O Governo tem falhas? Inúmeras! Mas é facista? Não é. Entende o exagero no discurso?