Chico Rei analisa conotação racista na Praça dos Macacos

O Centro Cultural Chico Rei Clube iniciou um debate sobre o nome da praça Dom Pedro II, também conhecida como praça dos Macacos.

Segundo a presidente da associação, Lucia Vera de Lima, o objetivo é fazer uma reflexão sobre a possibilidade de existência de alguma conotação racista no apelido dado à praça. Ela diz ainda que o debate também visa analisar o papel do negro na sociedade poços-caldense. Para a presidente, o negro está “excluído” da história da cidade, ainda que o atual prefeito Eloísio do Carmo Lourenço (PT) seja negro.

PESQUISA
O arquiteto Haroldo Gessoni, que participou dos debates iniciais, realizou algumas pesquisas históricas para tentar descobrir o motivo da praça ter recebido tal apelido. De acordo com o arquiteto, não houve conotação racista. Uma das versões para a praça ter recebido o apelido é em virtude de haver nas matas próximas ao local um grande número de “símios barulhentos”, em referência aos sons feitos pelos macacos que frequentavam o local.

Outra versão é a de que veranistas que vinham visitar a estância tornaram o local um ponto de passeio. Os visitantes iam às tardes, campo afora, beber das águas existentes na área. Como no Rio de Janeiro a Princesa Isabel possuia uma fazenda denominada “Macacos”, no bairro a que deu o nome, aquele logradouro veio a ser ponto de passeio dos cariocas. Assim, por analogia, estendeu-se o apelido ao passeio em Poços. Apesar do apelido, o nome oficial da praça é Dom Pedro II. Desta maneira, não há como se evitar que o logradouro seja chamado de praça dos Macacos, ainda que se comprove qualquer tipo de conotação racista.

NOVO NOME
Além disto, já se cogitou em outras ocasiões que o local passe a se chamar praça Laudelina de Campos Melo (1904-1991), em referência à ativista sindical e trabalhadora doméstica poços-caldense, cuja trajetória foi marcada pela luta contra o preconceito racial, subvalorização das mulheres e exploração da classe trabalhadora.