Sindicato e a aversão ao contraditório
O vereador rebateu artigo assinado pela presidente do Sindserv sobre o Piso do Magistério
O vereador Paulo Tadeu (PT) rebateu artigo assinado pela presidente do Sindserv, Marieta Carneiro dos Santos, a respeito das negociações do Piso do Magistério.
Imaginei que a manifestação do dia 23 de dezembro na Câmara, pouco civilizada e antidemocrática, além de mal educada, por uma pequena parcela dos profissionais do magistério a quem devoto profundo respeito, havia sido um ponto fora da curva. Não foi. Trata-se de uma escalada de intolerância ao contraditório, ao pensar diferente, que já vem se manifestando há algum tempo nas próprias assembleias de servidores, onde é preciso muita coragem para encaminhar contra o que pensam as lideranças sindicais.
Após uma aposta ruim e derrotada na Justiça do Trabalho, como já fora a tentativa de obrigar o município a repassar inflação integral de administração passada e o tresloucado gesto de encerrar negociações com o Executivo para, descoberto o prejuízo aos servidores, voltar atrás e dizer que não é bem assim, a respeitável presidenta do Sindicato vem a público responder um artigo que publiquei.
Tratava o meu artigo de prejuízo financeiro aos profissionais da educação e ilustrei a perda com cálculos que podem pecar pela precisão, mas são verdadeiros em suas dimensões. A respeitável presidenta do Sindicato preferiu não demonstrar com números que meu artigo estava errado. Pelo contrário, busca me desqualificar, por assim dizer me dar um cala boca como pretendeu fazer na sessão da Câmara em que o projeto foi retirado. Pretensão apenas, o bom lenhador conhece a madeira que pretende cortar, o ingênuo nem sabe empunhar um machado.
Diz lá a notável presidenta que, quando prefeito, eu retirei o quinquênio, desonestidade intelectual que achava exclusivo da banda conservadora da cidade. Não diz a presidenta, omissão que favorece a indigência de seus argumentos, que todo o Estatuto do Magistério foi amplamente discutido com a categoria e aprovado em Assembleia dos Servidores em um tempo em que a direção sindical tinha pulso e vontade para garantir, democraticamente, que todos se expressassem, contra ou a favor.
Não diz a presidenta que o quinquênio foi substituído por outras formas de progressão, além de terem sido incorporados aos salários no maior ganho salarial real que a categoria já conseguiu na história recente do nosso município, ganho real que só seria superado pela aprovação da mensagem 67/2015 que ela combateu ferozmente. Não diz a presidenta que a questão do quinquênio só passou a ser uma perda quando o prefeito que me sucedeu deixou de cumprir a nova forma de progressão e mudou a lei.
Não diz também a presidenta que acordos coletivos assinados pela entidade que lidera não tem o menor valor, visto que acordam e depois entram com ações contra aquilo que assinam. Enfim, após repetir a cantilena de sempre sobre prejuízos e falta de diálogo sem demonstrá-los, diz que minha gestão gerou crises para os cofres públicos. Aqui mais uma vez, a senhora presidenta se alinha alegremente ao pensamento conservador, aquele que trata sindicato e sindicalistas com olímpico desdém, ignorando ou omitindo deliberadamente que minha gestão foi premiada como a melhor do Brasil em responsabilidade fiscal.
Seria interessante, se posso sugerir, que a destacada presidenta do Sindicato ocupasse seu tempo para demonstrar que os números que apresentei em meu artigo estão errados, provando aos profissionais do magistério que a escolha que fez não trouxe prejuízo a eles. Se o fizer e demonstrar cabalmente, terei a humildade de voltar atrás nas minhas afirmações. Humildade que ela não demonstra para esconder o erro grosseiro de sua estratégia que provocou perdas gravíssimas a quem diz defender.
* Paulo Tadeu é médico-veterinário, vereador pelo PT e ex-prefeito de Poços de Caldas