Maternidade Odete Valadares realiza programação dedicada ao Novembro Roxo
A vendedora Sthephany Paula Andrade estava com 28 semanas de gestação quando, após uma consulta de rotina do pré-natal, precisou ser encaminhada imediatamente à Maternidade Odete Valadares (MOV), da Rede Fhemig.
“A médica percebeu que eu estava dilatando muito rápido e que meu bebê nasceria em pouco tempo. Não senti dor nenhuma e, até então, a gravidez transcorria normalmente. Foi tudo tão rápido que não deu tempo sequer de se preencher a ficha de admissão da maternidade. Meu filho nasceu na recepção, pesando apenas 1kg. Fomos prontamente atendidos por toda a equipe e só pude vê-lo horas depois, já no CTI Neonatal”, relata. Esse seria o primeiro dia dos quase 5 meses de internação que o pequeno Adrian – hoje com dois anos – enfrentaria por conta da prematuridade.
É considerado prematuro o bebê que nasce antes das 37 semanas de gestação – sendo prematuro moderado ou tardio o bebê nascido entre 31 e 36 semanas e seis dias; e prematuro extremo o que nasce entre 24 e 30 semanas de idade gestacional.
Segundo relatório de 2018 de uma coalizão global que inclui o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 30 milhões de bebês em todo o mundo nascem cedo demais, pequenos demais ou adoecem a cada ano. O documento ainda afirma que, sem tratamento especializado, muitos recém-nascidos em risco não sobrevivem ao primeiro mês de vida.
De acordo com a pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento”, da Escola Nacional de Saúde Pública – Fiocruz, a taxa de prematuridade no Brasil é de 11,5%: quase duas vezes superior à observada nos países europeus. Na MOV – que é referência estadual em gestação de alto risco – nasceram 415 prematuros em 2017 e 449 em 2018. O nascimento precoce gera grande impacto na vida do bebê e de sua família, além de custos altos para a assistência à saúde.
Durante os 4 meses e 28 dias de internação de seu filho, Sthephany teve de lidar com a espera e diversas intercorrências. “Cada dia é um dia. Tem que esperar ganhar peso, esperar respirar sozinho. Ele teve pneumonia por aspiração e chegou a ter uma parada cardiorrespiratória. Ficava aqui na maternidade direto, não saía do lado dele de jeito nenhum. A equipe da Odete Valadares é muito boa, tenho um carinho muito grande por todos. Criei um vínculo forte e de muita confiança com as pessoas daqui”, conta a vendedora.
Sensibilização
Desde 2008, o Dia Mundial da Prematuridade é celebrado em 17 de novembro. Por isso, o mês é dedicado à conscientização para a causa. A cor roxa foi escolhida por ser símbolo de sensibilidade e individualidade, além de significar transmutação, mudança.
“Antigamente, bebês nascidos com menos de 34 semanas não sobreviviam. Agora, rapidamente recebem alta. A Neonatologia e a Medicina Fetal têm avançado muito e temos conseguido que crianças cada vez mais imaturas sobrevivam. Para nós, aqui na MOV, o limite de viabilidade é de 24 semanas. Quanto mais imaturos, maiores chances de apresentarem algum tipo de sequela”, explica a pediatra neonatologista e gerente do CTI Neonatal da MOV, Ana Carmen Reis.
A médica ressalta que o obstetra responsável pelo pré-natal é capaz de identificar possíveis riscos que levem à prematuridade, como tabagismo, idade materna, gestação de múltiplos, uso de álcool na gravidez, insuficiência placentária, doenças como diabetes, hipertensão e infecções, entre outros problemas.
“Quando identificado algum desses fatores, a gestante deve ser encaminhada ao serviço especializado em gestação de alto risco, que irá trabalhar para minimizar os problemas. Os cuidados específicos já na primeira hora de vida de um prematuro são fundamentais. É essencial mantê-lo em um ambiente escuro e silencioso, que simule o útero materno. A maioria fica aquecida em incubadora e tem assistência respiratória. O processo de amadurecimento dessa criança leva um tempo”, explica Ana Carmen.
A dona de casa Débora Vitória da Silva e o soldador Luciano da Silva são pais da Yandiara Emanuele da Silva, de 3 anos e 7 meses, que também nasceu prematura – com 30 semanas e 5 dias – na MOV.
“Comecei a ter pressão alta desde o terceiro mês de gravidez. Até que, durante uma ultrassonografia, o médico não escutou o coração dela. Aí fui para uma cesárea de emergência. Quando ela nasceu, minha pressão estava a 23 por 18. Além da eclâmpsia, eu tive síndrome de hellp e precisei ficar uma semana no CTI. A Yandiara ficou um mês e meio no CTI Neonatal. O tratamento recebido aqui no hospital foi maravilhoso, só tenho a agradecer a toda a equipe da maternidade”, relata Débora. “Hoje em dia ela é uma criança saudável. Brinca e estuda normalmente. Somos muito realizados por sermos pais dela”, completa Luciano.
Atividades
Neste mês de novembro, a MOV já promoveu atividades dedicadas à discussão da prematuridade. No dia 4/11, foi realizado encontro de mães de prematuros que nasceram na MOV e receberam os cuidados da equipe de Neonatologia da unidade. No dia 6, foi a vez da palestra da médica pediatra Filomena Camilo do Vale, que falou sobre a atitude dos profissionais de saúde diante do sofrimento e do luto.
Na terça-feira (12/11), a programação do Novembro Roxo foi encerrada com o III Seminário da Prematuridade, que contou com a presença de especialistas que abordaram temas como atenção humanizada à gestante de risco, especificidades da amamentação do prematuro, fatores determinantes no parto prematuro, entre outros.
A auxiliar administrativa Vânia Dias Gomes – mãe do Davi, de 2 meses, que nasceu de 27 semanas e ainda está internado na MOV – participou do encontro de mães de prematuros. Ela afirma que ver outras pessoas que já enfrentaram a mesma situação e hoje estão bem trouxe ainda mais esperança.
“Ver essas crianças saudáveis, correndo e brincando, é uma sensação maravilhosa para mim, que ainda estou com meu bebê internado. Isso me deu uma força muito grande e a sensação de que vai ficar tudo bem. Daqui para frente serão só alegrias”, afirma.