Governo estuda viabilidade de trem entre BH e Santa Luzia
Vereadores de Santa Luzia (Região Metropolitana de Belo Horizonte) receberam o apoio de deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras realizada nesta quinta-feira (7/11/19), para a utilização da malha ferroviária já existente entre o município e a Capital para o transporte de passageiros.
A viabilidade econômica do trecho vai ser analisada no processo de elaboração do Plano Estratégico Ferroviário (PEF) de Minas Gerais. O estudo, sob responsabilidade da Fundação Dom Cabral, é fruto de uma parceria entre a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), que o financia, e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). O levantamento deve durar 14 meses e trará um portfólio de projetos prioritários para a implantação de uma nova estrutura ferroviária em Minas.
O representante da VLI Logística, empresa que administra a ferrovia que passa por Santa Luzia, Flávio Henrique Pereira, ponderou durante a reunião, contudo, que a concessionária não possui autorização para operar o transporte de passageiros, podendo apenas ceder linhas para outras empresas interessadas no serviço.
Mobilização – Autor do requerimento que deu origem à audiência, o deputado Professor Wendel Mesquita (SD) entregou à comissão abaixo-assinado com cerca de 6 mil assinaturas de moradores do município para a implantação do trecho.
Ele ressaltou que grande parte da população local se desloca para Belo Horizonte diariamente, percurso dificultado pela precariedade do transporte público e pelo trânsito pesado. “Minas possui uma malha ferroviária extensa, com grande potencial para o transporte de passageiros”, pontuou.
Como facilitadores no processo de instalação do percurso, o deputado destacou a infraestrutura instalada e a obrigação, por contrato, de a VLI liberar linhas para que outras empresas realizarem o transporte de passageiros, desde que projetos bem embasados recebam o aval da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Os vereadores Vagner Alves e Nilson Martins, ao cobrarem a melhor utilização dos trilhos que cortam o município, também fizeram críticas aos ônibus que atendem a população local, como o monopólio do serviço, o alto preço das passagens e a escassez de linhas.
Integração metropolitana
Os deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão, e Gustavo Mitre (PSC), a deputada Marília Campos (PT) e a diretora-geral da Agência Metropolitana da RMBH, Mila Batista, salientaram como as ferrovias podem ser um instrumento de integração entre as cidades.
Uma solução para viabilizar o investimento no modal, segundo Marília Campos, seria interligar vários trechos, em vez de se concentrar em alguns específicos, para atender ao “cidadão metropolitano”, aquele que circula entre municípios da região cotidianamente.
Outros benefícios do transporte sobre trilhos apontados pelos parlamentares são a retirada de veículos das vias e o ganho de tempo por parte dos passageiros, que evitariam longos congestionamentos.
“Vamos usar força política, conversar com o Ministério (da Infraestrutura), a ANTT, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para viabilizar esse transporte metropolitano”, afirmou João Leite.
Ele disse esperar uma sinalização da VLI de maior disposição para o transporte de passageiros, nos moldes do que a Vale fez ao abrir mais espaço para o serviço na Estrada de Ferro Vitória a Minas.
História – Outro ponto destacado pelos participantes da audiência para a valorização das ferrovias é a íntima relação do modal com o Estado. “Os trens são símbolos de Minas, parceiros do turismo”, observou a advogada Aline Mendes, ao ressaltar os atrativos de uma cidade histórica como Santa Luzia.
Plano – Responsável pela recém-criada Superintendência de Transporte Ferroviário do Estado, Vânia Cardoso ratificou que o trecho BH-Santa Luzia está contemplado no Plano Estratégico Ferroviário, que vai traçar um diagnóstico sobre a viabilidade dos projetos estudados, com a análise da real demanda de cada um.
A partir daí, inicia-se o processo de discussão daqueles priorizados, inclusive com a busca de parcerias para os investimentos necessários.