Empresa diz que reajuste na tarifa de ônibus preserva empregos
O diretor da Circullare, Flávio Cançado, comentou o reajuste autorizado pela Prefeitura
O diretor da Circullare, Flávio Cançado, comentou o reajuste autorizado pela Prefeitura para o transporte coletivo no município, a ser praticado a partir de hoje, 13, passando dos atuais R$ 3 para R$ 3,30.
“O melhor seria nunca precisar reajustarmos a tarifa, principalmente neste período de crise financeira que atinge a todos os brasileiros. Não é uma medida confortável para a empresa, nem para a prefeitura que é o órgão responsável por estabelecer o reajuste, baseado em uma planilha de custos referendada pela Comissão Municipal de Transportes e Tarifas Correlatas. Sabemos que o reajuste, mesmo muito abaixo das nossas necessidades operacionais, atinge diretamente o bolso do trabalhador que já vem sendo sacrificado ao perder seu emprego, ao não ter como fazer suas compras, nem suas atividades normais e assim deixa também de utilizar o ônibus, pois o transporte coletivo é meio e não fim. Ou seja, ninguém ganha com o reajuste da tarifa. O ideal seria não termos também aumento de 12,58% no valor do óleo diesel, o reajuste de 58,93% na tarifa de luz elétrica, o aumento de 53,72% no IPVA dos ônibus, o aumento de 9,45% na tarifa de água e esgoto, além de outros aumentos. Porém, o reajuste que ficou apenas no repasse da inflação (10%), nos dá um pouco de fôlego e ameniza os impactos que estão comprometendo o equilíbrio econômico-financeiro do transporte coletivo e também a saúde da empresa. Retiramos o paciente da UTI e o levamos para o quarto, mas o seu estado ainda merece muitos cuidados. O mais importante neste momento de crise é preservar o emprego dos mais de 700 colaboradores da empresa e a tranquilidade de seus familiares e continuar investindo, de acordo com as nossas possibilidades, na qualidade de serviços oferecidos à população”, explicou.
TARIFAS DIFERENCIADAS
Flávio ressalta ainda que os impactos do reajuste começam a ser sentidos somente em fevereiro nas operações da empresa.
“Como habitualmente acontece, após o anúncio do reajuste pela Prefeitura, houve uma antecipação dos usuários para a compra de créditos nos cartões ou mesmo nos passes, buscando fazer um “estoque” pagando ainda o valor antigo. Vale lembrar que a tarifa antiga é válida por um período de 30 dias, contados a partir da data do reajuste, ou seja, até 12 de fevereiro. Praticamente viveremos ainda mais um mês sem recompor o nosso déficit operacional. Cabe esclarecer que o reajuste segue uma planilha de custos que é o “retrato” de um período, ou seja, outubro de 2015, resultando então, em mais 3 meses de aumentos nos nossos custos que não estão computados na nova tarifa”.
O diretor comenta ainda que existem tarifas diferenciadas. “Temos o passe escolar com 50% de desconto e que representa cerca de 60 mil passagens por mês. Além disso, o Sistema Integrado beneficiando os usuários com descontos de 50% a 100% na segunda linha e que representam também 115 mil passagens por mês. Isto sem falar nas 3 vans especiais para transporte de pessoas portadoras de deficiência com cerca de mil pessoas transportadas sendo que 20% dessas pessoas não pagam passagem. Estas vans trabalham em 3 turnos, utilizando 9 motoristas, de 6 da manhã à meia noite, 365 dias por ano e hoje representam, por todo seu custo operacional, um prejuízo mensal de cerca de R$ 30 mil”, relata.
GRATUIDADES
Segundo ele, um dos problemas mais graves do transporte coletivo na cidade é o excesso de gratuidades sem fonte de custeio, que acaba por impactar o custo da tarifa.
“Quanto maior o número de gratuidades sem fonte de custeio, mais alto é o valor da tarifa, já que alguém tem que pagar por aqueles que não pagam. Muitos passageiros reclamam, por exemplo, do número de idosos transportados que, muitas vezes, viajam o dia inteiro, sem necessidade real, tirando o assento e o conforto dos usuários pagantes. De nossa parte, cabe apenas cumprir o que determina a Lei Federal que estabeleceu o Passe Livre para o Idoso. Sem querer discutir a necessidade deste benefício social, mas é sim um fato preocupante, principalmente quando observamos que somente neste mês de dezembro tivemos 273.159 viagens gratuitas realizadas por idosos. Um número que só tende a aumentar já que a perspectiva de vida dos brasileiros vem crescendo, além do que, nossa cidade é considerada ideal para aqueles que estão com mais de 65 anos de idade. Muitas linhas circulam com um número elevado de gratuidades, contudo, os custos destas viagens são os mesmos, o óleo diesel, pneus, salários do cobrador e motorista, entre outros insumos, continuam sendo contabilizados. É como uma casa onde dezenas de moradores consomem água, luz, telefone, porém, não pagam nem estes custos, nem o aluguel, sobrando o pagamento de tudo isto para poucas pessoas e também para o proprietário do imóvel. Não somos contra o benefício, mas seria importante que tivéssemos, a exemplo da cidade de São Paulo, um subsídio para custear as gratuidades”, afirma.
Outra gratuidade citada por Flávio é o Passe Livre para Gestantes, benefício concedido a partir do 4º mês de gestação para as gestantes inscritas no Programa Materno Infantil. “Este benefício foi instituído pela Lei 7523/01 e seguindo o que determina o artigo 2º da referida lei, as despesas decorrentes do passe gestante deveriam ocorrer por conta da Secretaria Municipal de Saúde. Porém, desde a sua criação em 2001, que a Circullare vem arcando sozinha com esta gratuidade, sem receber da prefeitura”.
INVESTIMENTOS
A queda constante no número de passageiros transportados é outra preocupação do diretor.
“Em 1990, tínhamos em Poços de Caldas 40 ônibus que transportavam cerca de 1 milhão e 200 mil pessoas por mês. Hoje, 25 anos depois, temos 127 ônibus e todos os custos operacionais que isto representa para transportar o mesmo número de pessoas daquela época. Isto, claro, impacta no valor da passagem, porque quanto menos gente transportada, mais cara a tarifa. E hoje, com o crescimento da cidade as nossas necessidades são muito maiores e não podemos deixar de continuar investindo. Somente em 2015, investimos mais de R$ 4 milhões e 600 mil reais no transporte coletivo do município através de financiamentos bancários. Podemos citar o aplicativo ônibus on-line, a aquisição de 14 novos ônibus adaptados para portadores de deficiência, um novo posto de abastecimento atendendo determinações ambientais, um novo lavador automático, a reforma de 300 pontos de embarque e desembarque e revi-talização em andamento da Estação Central. Sobre esta obra é importante que se esclareça que ela vem para proporcionar não somente mais conforto, mas principalmente, mais segurança aos usuários. Teremos então, um espaço reservado para a Guarda Municipal e Policia Militar proporcionando mais tranquilidade para a população”, avalia.
MANIFESTAÇÕES
Questionado sobre as manifestações públicas contrárias ao reajuste da tarifa, convocadas principalmente pelas redes sociais, Flavio se posiciona favorável dentro dos princípios democráticos.
“A liberdade de expressão é um direito assegurado pela constituição e neste sentido nossa posição é muito tranquila com relação as manifestações populares. Claro que não podemos aceitar qualquer tipo de abuso, seja ele, com relação à integridade física dos usuários e nossos colaboradores e também relacionados à nossa segurança patrimonial, pois embora os ônibus pertençam a empresa, são de uso da população. Assim, temos o apoio da Guarda Municipal e das Policias Civil e Militar para coibir qualquer excesso. Estamos atentos também ao uso indevido das redes sociais por pessoas ou grupos que queiram apenas e tão somente provocar violência ou agressão ou mesmo, em um ano eleitoral, para fins políticos-eleitoreiros. Isto tudo não podemos permitir e sabemos que contamos com o apoio da maioria da população e também das autoridades para preservar a ordem e a normalidade do transporte coletivo”, finalizou Flávio.