Grutas e cavernas mineiras guardam riquezas e patrimônio histórico

Formações rochosas, fósseis e pinturas rupestres encantam visitantes nas cavidades naturais do estado

O turista ou morador que quer desbravar Minas Gerais e conhecer seus atrativos tem muitas opções: são cachoeiras, parques naturais, diversos pontos turísticos e a própria culinária mineira, uma atração à parte.

Mas, o que muita gente não sabe, é que o estado é o que mais concentra grutas e cavernas no país – das 16.034 cavidades naturais registradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 6.184 (38,5%) estão em Minas Gerais. Por isso, a Secretaria de Estado de Turismo (Setur) recomenda o passeio também pelas grutas abertas à visitação no estado.

Entre as principais, estão a gruta da Lapinha, Maquiné e Rei do Mato, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Juntas, elas formam a Rota das Grutas Peter Lund, em homenagem ao naturalista dinamarquês que é considerado o pai da paleontologia e arqueologia no Brasil.

“Porém, temos outras grutas turísticas, como a Gruta do Salitre, em Diamantina, e as grutas do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado em Januária/Itacarambi, e do Parque Estadual da Lapa Grande, em Montes Claros”, comenta o secretário de Estado de Turismo, Paulo Almada.

A gruta do Maquiné, que fica em Cordisburgo, território Metropolitano, foi retratada pelo escritor Guimarães Rosa, ali nascido, no conto “Recado do Morro”: “(…) tão inesperada de grande, com seus enfeites de tantas cores e tantos formatos de sonho, rebrilhando risos na luz – ali dentro a gente se esquecia numa admiração esquisita, mais forte que o juízo de cada um, com mais glória resplandecente do que uma festa, do que uma igreja”. Assim, Rosa descrevia as formações rochosas do local, como as estalactites e estalagmites, como “formatos de sonho”.

De fato, Maquiné é considerada uma das mais belas do mundo. A gruta, uma das mais visitadas no Estado, tem, entre suas belezas e atrativos, pinturas rupestres e outros vestígios arqueológicos. Com aproximadamente 650 metros de galerias e sete salões explorados e preparados com iluminação e passarelas, Maquiné foi descoberta em 1825 por Joaquim Maria do Maquiné, e explorada a partir de 1834 por Peter Lund.

Ao lado da gruta, é possível conhecer o Museu Peter Lund, que conta com acervo de cerca de 80 fósseis encontrados no século 19 durante pesquisas na região. Há, ainda, o Museu Arqueológico da Lapinha, famoso por sua arquitetura em forma de castelo europeu. Ali está exposta a ossada do homem de Lagoa Santa, datado com mais de 10 mil anos, além de outras ossadas e fósseis.

Considerada uma das 50 maiores grutas de Minas Gerais, a Rei do Mato, em Sete Lagoas, impressiona pela dimensão: são 998 metros de extensão. Com quatro salões abertos à visitação, as formações de estalagmite da gruta chamam a atenção de geólogos de todo o mundo.

ROTEIRO ECOTURISTA
Menos conhecidas, porém ricas em história, existem outras grutas abertas à visitação no estado e fora do território Metropolitano, como o Monumento Natural Gruta do Salitre em Diamantina e as grutas do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado em Januária/Itacarambi e do Parque Estadual da Lapa Grande, em Montes Claros.

“O número de ecoturistas em Minas Gerais aumentou de 31,7% em 2014 para 36% em 2017. É o segundo tipo de turismo mais buscado no estado, atrás apenas do cultural (46%), de acordo com pesquisa que realizamos no ano passado. Assim, é um turismo que valorizamos e no qual temos investido”, destaca o secretário de Estado de Turismo, Paulo Almada.

NOVA ILUMINAÇÃO
Em janeiro deste ano, foram anunciados investimentos nas grutas da Rota Peter Lund – Lapinha, Maquiné e Rei do Mato. O projeto, no valor de R$ 2,56 milhões, tem como objetivo melhorar a conservação das grutas e oferecer mais conforto aos visitantes, com obras de infraestrutura.

No Parque Estadual do Sumidouro, onde fica a Gruta da Lapinha, foi feita a desapropriação do Castelinho, construção de propriedade particular que fica dentro da área do parque e abriga peças arqueológicas. O imóvel foi adquirido ao custo aproximado de R$ 500 mil, pelo IEF, que passou a fazer a gestão do local. Serão feitas ainda outras melhorias, a exemplo da compra de sistema de videomonitoramento e o plano de manejo espeleológico da caverna.

No Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato será feita a troca de guarda-corpos e corrimão na área interna da gruta e pequenas reformas. Já no Monumento Natural Estadual Peter Lund, onde está a Gruta de Maquiné, será realizada a reforma do Museu de Maquiné e melhorias na estrutura das trilhas.

A grande maioria das cavidades naturais de Minas Gerais é protegida por áreas de preservação, nas quais só se entra com autorizações especiais, concedidas, em geral, a pesquisadores. O Estado é a sede do maior número de grutas e cavernas do Brasil e uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos estudiosos e pesquisadores da área é a sua conservação.


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