Ordem do Dia 29/10/24
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Vídeo gravado por “mulheres de esquerda” denunciou Nunes, prefeito de São Paulo, então candidato à reeleição, de violência doméstica.
Essa denúncia sugere a existência de uma mulher amedrontada, chantageada, coagida pelo marido poderoso. Ou um grupo de mulheres de perfil terrorista, capaz de gestos extremos. Em ambos os casos, seja qual for a verdade, temos uma vítima de humilhação pública. Ou duas, talvez.
Essa denúncia, com a participação da primeira dama do Brasil, possui claro componente político Tanto quanto a suposta adesão das facções criminosas à candidatura Boulos, denunciada pelo governador Tarcísio. Ambas as condutas rocambolescas. Onde a ausência de provas transparece.
O texto do Boletim de Ocorrência, divulgado pelas “mulheres de esquerda”, não descreve nenhum tipo de violência física contra a então, e atual, esposa de Nunes.
Teria havido pressões, inconveniências e ameaças, por parte de Nunes, tentando reatar o relacionamento. Ele não se conformava com a separação.
Acabaram reatando. Isso aconteceu em 2011. Permanecem casados até hoje. Esse fato foi explorado por Pablo Marçal e respondido pela mulher de Nunes: “não, ele não me bateu”.
A denúncia de Tarcísio, por sua vez, sobre o voto do crime organizado em Boulos, também requentado e inconsistente, gera mal estar em medida semelhante.
Isso teria ocorrido nas vésperas de um segundo turno eleitoral e capitaneado pela primeira dama do Brasil e pelo governador de São Paulo.
No caso da “turma da primeira dama”, temos um argumento não autorizado pela principal interessada. No caso, do governador, vê-se uma alegação sem provas, também de perfil terrorista. Eis o busílis.
Temos uma questão de limites, no que diz respeito à suposta violência doméstica. Certamente, o adágio dizendo que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” é discutível. Depende da briga.
Havendo violência, cabe a “legítima defesa de terceiros”, prevista até como excludente de ilicitude. Ou seja, pode-se legalmente abater o agressor. Mas esse não seria o caso. Caberia ponderações.
O que defendem essas mulheres? Os interesses da mulher de Nunes ou os próprios interesses? A mesma pergunta vale para a atitude de Tarcísio. Que interesses defende o governador? Essa é a questão que caberia, inicialmente. E que resume esse quadro insólito.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com