Ordem do Dia 22/10/24
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Especula-se que a queda de Lula, no banheiro, teria sido boa para a imagem do Brasil, no exterior. Na reunião dos Brics na Rússia (grupo de países do qual o Brasil faz parte), onde iria o presidente, o potencial de dano seria imenso.
Considerando a série de besteiras internacionais, ditas e feitas por Lula, desde o início do atual mandato, parece uma aposta provável.
Mais fácil do que apontar os erros de Lula, na política externa, seria perguntar onde teria acertado. Na Venezuela? Na Nicarágua? Na Ucrânia? Em Israel? Ao acusar o Departamento de Estado dos EUA de conspiração, contra o Brasil? Onde seria?
Embora permaneça em “silêncio obsequioso” em relação à Ucrânia, o governo viu-se obrigado a se afastar da Venezuela e da Nicarágua, negando-lhes acesso aos Brics.
Não poderia ser diferente, após as humilhações sofridas pelo Brasil, cometidas por esses países. O procurador geral da Venezuela acusou Lula de ser “agente da CIA”. Uma espécie de autômato, “traidor da classe operária”.
A Nicarágua, por sua vez, cometeu um sério agravo diplomático contra a Brasil. Coisa de cinema. Agora, Celso Amorim, assessor especial de Lula, fala em admitir a Turquia aos Brics. Segundo o homem, a Turquia teria “papel estratégico no Oriente Médio”.
Diz isso como se fosse uma novidade. Tanto quanto a fundação de Constantinopla. Estaria trocando, desse modo, dois países com governos esquerdistas por um claramente direitista. Dois por um.
Pelo visto, considerando esse câmbio, a moeda esquerdista anda desvalorizada. Tanto no Brasil quanto no exterior. Assim diz o governo Lula.
Mas haveria um fato incontroverso: embora o Brics, com sua crescente expansão, reúna um PIB próximo do G7 (a aliança dos países ocidentais mais ricos), estaria rachado.
Entre os membros originais, há uma clara divergência entre China e Rússia, de um lado, e Índia e Brasil, de outro.
China e Rússia miram confrontar o Ocidente e dar uma conotação mais política ao Brics.
Brasil e Índia são mais pragmáticos e têm uma visão comercial e multilateral, do ponto de vista diplomático. O fato seria que uma prosaica queda no banheiro nos livrou de um vespeiro internacional.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com