Mauro Ramos de Oliveira e o futebol

continua depois da publicidade

Todos que o viram jogar tiveram e têm por ele grande admiração e simpatia, não só pelo atleta, mas pelo homem.

Corria o ano de 1944 e a Associação Atlética Caldense disputava e vencia o Campeonato Municipal de Futebol da Liga Desportiva de Poços de Caldas, com o seguinte time: Jordão, Maran e Paulo Roberto; Pimenta, Pedro e Amado; Baldinho, Tino, Parafina, Vince e Gabardo. Na data marcada para a entrega da taça, a Veterana jogou contra a seleção da Liga, cuja formação foi: Onça, Paulo 14 e Mauro; Diti-nho, Vieira e Ajax; Chaveco, Mitcha, Ge-raldinho, Saraiva e Carneirinho.

O resultado? Seleção da Liga 2×0 A.A. Caldense. Entre esses vinte e dois nomes mencionados, verdadeiros craques de seu tempo, um iria se destacar dos demais: Mauro Ramos de Oliveira, com seus dezesseis anos de idade. Jogou em diversos times: Cascudinho Futebol Clube; RAF – Rua Assis Figueiredo Futebol Clube; Duque de Caxias Futebol Clube; Associação Atlética Caldense, Sociedade Esportiva Vargeana, de Vargem Grande do Sul; Sociedade Esportiva Sanjoanense, de São João da Boa Vista; São Paulo Futebol Clube; Santos Futebol Clube e a Seleção Brasileira com a qual foi bi-campeão do mundo em 1958 e 1962.

Numa entrevista a mim concedida em 1997, por intermediação do seu cunhado, Vicente Brochado, Mauro falou com orgulho do seu tempo de criança e adolescente, quando somente dedicava os seus dias e noites de sonho para o futebol. Lembrou-se com carinho do José Maria Lago, treinador do RAF e de Botelho, treinador da Caldense.

Fez elogios ao presidente do clube na época, José Anacleto Pereira, o Juca Anacleto, que o levou para jogar na Veterana.

O craque jogou poucas partidas pela Caldense, entretanto recordava-se de todas elas, especialmente da mais curiosa, jogada em 1946.

No domingo, a Associação Atlética Caldense jogaria contra o Comercial Futebol Clube, de Ribeirão Preto. No mesmo dia, a S.E. Vargeana enviou – como de costume – um carro para buscar Mauro, pois uma importante partida pelo campeonato amador do interior paulista aconteceria.

No relato do atleta, a partida em Vargem Grande era importante e significativa, pois ele ganharia para jogar. Mas, segundo ele, o coração bateu mais forte e ele preferiu o jogo da Caldense contra o Comercial de Ribeirão Preto.

Naquela ocasião Mauro formou zaga com Stanlingrado, craque da Ponte Preta de Campinas que veio jogar pela Caldense. O resultado: Comercial 3 x 1 Caldense.

Para Mauro Ramos de Oliveira sua vida girou em torno do futebol. Viveu o esporte intensamente. Mais tarde, disse-nos ele, atuando como técnico decepcionou-se e, sentimental como era, recolheu-se.

Passou a vida entre os seus familiares, ora em São Paulo, ora em Poços de Caldas e em Botelhos na casa da sua mãe.

* Hugo Pontes é professor, autor do livro AAC – História e Glórias. E-mail: hugopontes@pocos-net.com.br