Médicos fazem manifesto contra o prefeito

Profissionais dizem que população foi colocada contra a categoria

Médicos especialistas da rede municipal de saúde fizeram um manifesto contra o prefeito Sérgio Azevedo (PSDB). Os profissionais se dizem surpresos pela postura do prefeito.

O motivo é que através de um vídeo divulgado nas redes sociais, ele colocou “a população de Poços de Caldas contra os médicos”, que “há mais de 20 anos vem atendendo a população com empenho e dedicação, fazendo com que a saúde de nossa cidade atinja níveis de excelência de primeiro mundo”.

O vídeo mostrava o prefeito justificando a saída dos médicos especialistas da rede municipal de saúde, alegando que eles não concordam com a carga horária que deveria ser cumprida por eles.

“A questão do cumprimento do horário sempre foi discutida em outras gestões, porém, os gestores anteriores ao senhor prefeito sempre priorizaram a qualidade médica, demonstrando boa vontade ao aceitar que em medicina existe o chamado ato médico, sendo que em nível ambulatorial (e não em emergência) existe uma agenda com número de atendimentos preconizados pelos Conselhos de Medicina”, justificam.

DEMISSÃO
Ao dizer que a decisão dos médicos de pedir demissão foi unilateral, os médicos consideram que o prefeito procurou se eximir “de qualquer culpa”.

Segundo ele, a categoria tentou por meses uma negociação, “onde sugerimos a mudança do padrão de contrato dos profissionais concursados para número de agendamentos, já que a atual gestão e gestões anteriores realizam contratação de profissionais por número de atendimentos, porém a demora em encontrar uma solução fez com que os médicos não conseguissem mais manter seus cargos, com o risco de serem penalizados”.

Além disto, os médicos dizem que a decisão se acompanha “da baixa remuneração que o médico recebe, e por mais que a população pense que ‘nadamos em dinheiro’ ou ‘mamamos nas tetas da prefeitura’, o salário da grande maioria dos médicos que saíram era muito baixo, sendo muito inferior ao piso salarial nacional para o médico”.

Os médicos dizem que não têm objeção para cumprir o horário, desde que recebam “um valor justo pela nossa formação e pela responsabilidade que temos ao cuidar de vidas”. Por este motivo, eles consideram que o problema das especialidades poderá demorar muito para ser resolvido, “pois nenhum médico especialista irá se sujeitar a receber este salário”.

“Já li de tudo na sua postagem, que somos panacas, que somos folgados, a população tem uma avaliação muito superficial da situação. E o senhor, como bom gestor, deveria reverter essa situação, mas não, prefere se isolar no seu gabinete e jogar toda população contra os médicos. Nos perdoe, mas pensamos que essa não deveria ser a postura do nosso prefeito. Colocamos nossa esperança no senhor por confiar que seria um bom gestor, saberia lidar com as dificuldades com maturidade e respeito”, lamentam.

O manifesto é encerrado dizendo que a categoria está decepcionada e frustrada “em ouvir tantas críticas da população, que talvez não entenda a real situação”.