O campo progressista e as eleições municipais em Poços de Caldas

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As eleições municipais de 2024 serão cruciais para a democracia brasileira. A extrema-direita, derrotada no último pleito presidencial, se rearticula para aumentar seu poder nos territórios, buscando eleger o maior número possível de prefeitos e vereadores.

O chamado “Centrão”, que funciona como anteparo a qualquer processo de transformação estrutural do país, depende de seu poder nos municípios para eleger seus representantes ao legislativo federal.

O campo progressista, compreendido aqui como o conjunto de forças que se posiciona do centro para a esquerda do espectro político, terá a tarefa decisiva de enfrentá-los.

Em Poços de Caldas não será diferente. Sendo assim, o objetivo desse texto é fazer uma breve avaliação sobre a conjuntura eleitoral em nossa cidade, defendendo que é possível que sejamos vitoriosos nessa empreitada.

A princípio, essa pode parecer uma afirmação excessivamente otimista. Afinal, o prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) não só foi o primeiro a ser reeleito, como fez um governo onde seu projeto de cidade avançou com poucos anteparos: privatização de espaços públicos, gentrificação das áreas centrais, desregulamentação da ocupação do solo, cortes indiscriminados de árvores, sucateamento de serviços públicos, etc.

Além disso, conserva bons índices de popularidade, o que demonstra que seu indicado será favorito, disputando um eleitorado que historicamente se identifica mais com o campo político da direita.

Entretanto, essa aparente fortaleza possui algumas fragilidades. Apesar de ter sido reeleito, o grande fato político das eleições de 2020 foi o desencanto da população com as opções apresentadas.

Mais de 50 mil eleitores não compareceram às urnas ou anularam seus votos. O prefeito teve uma redução de quase 7 mil votos em relação ao pleito de 2016, tendo conquistado apenas 26% do eleitorado total.

Além disso, é possível que haja mais de uma candidatura competitiva no campo das direitas, o que pode gerar uma divisão fatal em uma eleição de turno único.

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Por outro lado, o campo progressista teve seu melhor desempenho em duas décadas nas últimas eleições presidenciais: Lula (PT) teve quase 35 mil votos no primeiro turno em Poços de Caldas, o que representou em torno de 40% do total de votos válidos.

Em eleições para prefeito com pelo menos três candidatos competitivos, quem alcançou esse percentual sempre venceu na cidade. Nosso grande desafio é repetir esse resultado, que só foi possível graças a dois fatores: unidade e empolgação da militância.

A unidade foi garantida pela figura de Lula, incontestavelmente o maior líder popular de nossa história. Repetir isso em âmbito local não será tarefa simples, afinal existem pelo menos três partidos de nosso campo – REDE, PT e PSB – dispostos a ocupar a cabeça de chapa.

Diante disso, a melhor solução é tirar o debate do âmbito das cúpulas partidárias e levar para a base. O caminho pode ser a reativação do Comitê Popular de Luta, espaço que congregou diversas pessoas e organizações para combater o fascismo no ano de 2022.

Por fim, a empolgação da militância será central para atingir nosso potencial máximo de votos, reduzindo a altíssima abstenção que tem marcado as últimas eleições municipais.

Para isso, não basta que tenhamos um candidato único do campo, é preciso também que ele tenha um programa capaz de gerar expectativa de uma cidade efetivamente melhor para a ampla maioria da população.

Tenho defendido que a principal pauta para isso é o Passe Livre. Não se trata de utopia: enquanto Poços de Caldas terá um novo aumento abusivo no preço da tarifa do transporte coletivo, mais de cem cidades no país já adotam a Tarifa Zero, incluindo três no Sul de Minas Gerais – Machado, Muzambinho e São Lourenço.

O cenário é difícil, mas não estamos derrotados. Com unidade e ousadia, é possível vencer!

* Rafael Martins Neves é graduado em História e Mestre em Educação, participou do Comitê Popular de Luta – Poços de Caldas no ano de 2022.