Ordem do Dia 11/01/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

As mais recentes pesquisas divulgadas, por diferentes institutos, apontam que a grande maioria da população brasileira condena os atos golpistas. Os números variam de 74% a 90%, condenando a ação.

Percentual não tão significativo, mas igualmente majoritário, atribui a Bolsonaro (e companhia) a responsabilidade pela tentativa de golpe, pedindo “punição legal”. Em bom português: cadeia.

Curiosamente, a maioria entende que as penas aplicadas, aos já condenados por “atos golpistas”, seriam excessivas. Isso se daria porque ainda não viram nenhum mandante sofrer qualquer reprimenda? Estariam se compadecendo dos “peixes pequenos”, ansiando por pesca mais substancial?

As ausências de muitos governadores, de alguns ministros do STF e do presidente da Câmara, ao ato “pró-democracia” e “anti-golpe”, foram notadas. Seria adesão à fracassada tentativa de golpe? Ou rejeição à solenidade do último dia 8 de janeiro, interpretada como comemoração político-partidária?

Essas perguntas poderão ser respondidas ainda neste ano, através dos resultados das eleições municipais. Ou não. Sua complexidade conceitual não admite respostas fáceis.

O fato seria que, segundo essas mesmas pesquisas, continua a vigência da nossa doentia polarização. Embora o regime democrático esteja sendo abraçado por 80% do eleitorado, ainda segundo as pesquisas.

Isso teria um significado: a população aprova o regime, mas grande parte não aprova o governo. Logo, democracia não significa governo petista. E Lula não seria o representante desse regime.

Ainda seria alvo de suspeita e de grande rejeição. Não figura como o pacificador, que se propôs a ser. Talvez encarne, em sentido contrário, o arrivista vingativo.

Ainda não engoliram o “sapo barbudo”, ao que parece. E o saudoso Leonel Brizola, que admitiu conseguir realizar essa manobra, não pode mais ensinar como se faz.