Ordem do Dia 28/11/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Por pura coincidência, comprei o livro de Simon Schwartzman, “Falso mineiro”, numa livraria de Maceió. O autor foi presidente do IBGE e teve extensa carreira como professor e pesquisador, no Brasil, na Europa e EUA, além de Chile e Argentina.
Tendo se doutorado em Berkeley, lecionado em prestigiosas universidades, tais como UFMG, USP, IUPERJ e Harvard, por exemplo, tem sua origem como estudante de graduação na UFMG. Para orgulho dos mineiros.
Essa obra de Schwartzman, em síntese, seria a história da Ciência Política e das ciências humanas, em geral, no Brasil. O autor também trata da busca insesssante para se obter padrões científicos, de alto nível, na pesquisa acadêmica e institucional. Onde logrou sucesso no exterior, inclusive em Oslo, capital da Noruega.
Entretanto, no Brasil, colecionou inúmeras dificuldades, na área da educação, da tecnologia e nas agências oficiais de pesquisa. O que remanesce, disso tudo, seria como um brasileiro altamente qualificado, testado e aprovado no exterior, enfrenta dificuldades bisonhas em seu próprio país.
Decorrentes da ideologia barata, da burocracia ou do simples atraso intelectual, das terras tupiniquins. História que, desde o barão de Mauá, se repete. Pessoalmente, fiquei encantado com as memórias do autor, e com sua honestidade intelectual.
Além do fato de ter percorrido alguns dos corredores trilhados com sucesso por Schwartzman: a FACE/UFMG (Faculdade de Ciências Econômicas), a FAFICH/UFMG (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas) e o DCP/UFMG (Departamento de Ciência Política).
Antônio Octávio Cintra, Fábio Wanderley Reis, Teotônio dos Santos e José Murilo de Carvalho (imortal da ABL), foram personagens do convívio do autor, que também conheci. Grandes referências.
Confesso que muitas das dificuldades, vividas pelo autor, também enfrentei. Embora não as tenha superado com o a eficiência de Schwartzman. Faço esse registro como uma homenagem à obra, mas também às memórias comuns, vividas numa época em que as pessoas pareciam mais inocentes.
Quando o futuro se mostrava mais promissor – e não opressor, como hoje. Recomendo a leitura, principalmente àqueles que querem conhecer parte importante do desenvolvimento das ciências humanas no Brasil: história, sociologia, economia e ciência política. Vale a pena.