A paleta de Natal está incompleta em Poços de Caldas

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Natal sempre foi composto por paletas de várias cores e cada uma delas tem seu significado. Cada cor tem seu próprio simbolismo que deixa a comemoração rica, com sentimentos de alegria, amor, esperança e gratidão.

As cores são baseadas na religião, cultura, folclore e história, assim como sempre ocorreu nos costumes dos povos dos países do oeste e do norte da Europa, e que acabaram por serem espalhadas pelo mundo durante os movimentos colonizadores.

Há milhares de anos, a paleta de cores do Natal era mais ampla, mas a partir do início do século XX, os movimentos culturais popularizaram o vermelho, o verde e o dourado como as cores principais.

As cores verde e vermelha foram popularizadas nas antigas tradições celtas, em comemoração ao feriado anterior ao Natal – o sols-tício de inverno (já que estamos falando de hemisfério norte).

O arbusto azevinho, de folhas verdes e frutos vermelhos, teve um papel fundamental como enfeite nas celebrações do solstício, de-vido à sua durabilidade. As pessoas acre-ditavam que a planta trazia sorte, riqueza e prosperidade para todos os lares. Por isso, muitos decoravam suas casas com esse arbusto.

O dourado passou a fazer parte por dar a sensação de riqueza e prosperidade advindas do metal precioso que foi a base da economia dos povos conquistadores. Essas três cores se fixaram e se tornaram tradicionais em nosso subconsciente.

Em nossas memórias natalinas, de hoje e de outrora, encontramos as cores vermelha, verde e dourada; vez ou outra, o azul e o branco compondo algum enfeite.

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Não há como imaginar um Natal sem a cor vermelha. Ao andar pelas ruas e praças da linda cidade mineira de Poços de Caldas, o morador local e o turista certamente ficarão impactados em não verem a cor marcante do Natal.

O vermelho se tornou um inimigo no Natal Poços-caldense de 2023. A cor que representa o amor, o calor do espírito natalino foi boicotada, proibida.

Justo o vermelho que está intimamente associado às vestes de São Nicolau, nosso sempre esperado bom velhinho Papai Noel e também nos remete ao sangue derramado pelo Mestre Divino, a quem deveríamos dedicar inteiramente as comemorações.

Se o vermelho representa esse amor puro e de sacrifícios, a que então se restringe as comemorações do Natal de Poços de Caldas, quando é retirada da decoração da cidade a cor mais proeminente e emble-mática do Natal, substituindo-a nas ruas por azuis e brancos que mais parecem homenagem a escola de samba do Rio de Janeiro?

Todos que transitam pela cidade esperavam um Natal acolhedor e livre de preconceitos, assim como sem-pre foi a cidade das rosas. Das rosas que também podem ser vermelhas.

Mas para haver uma verdadeira celebração natalina seria necessário que a cidade fosse administrada por pessoas de qualidade moral elevada; pessoas que sou-bessem deixar suas diferenças para o campo do debate democrático apenas e não transportarem seu ódio e seu medo para um evento que estão longe de entender o significado.

Que dessem uma celebração para o povo e não para seus pares egocêntricos. Que entendessem que é possível combinar todas as cores natalinas, que elas são perfeitas juntas. Infelizmente, a linda cidade ainda não conseguiu tatuar nos corações dos seus filhos o verdadeiro espírito natalino.

Ou se conseguiu, grupos políticos menores, imersos na própria pequenez ideológica, conseguiram apagar temporariamente. Por sorte, ainda guardamos na memória, as festividades natalinas e as paletas coloridas, cheia de vermelhos, que lembram o sagrado.

Que é símbolo da felicidade e prosperidade de acordo com a cultura chinesa e outros povos ao redor do mundo. Que é símbolo de um partido conservador em uma das Américas. Que é a cor da paixão para os jovens apaixonados. Só nos resta lamentar que a paixão ideológica de alguns acabe por descolorir o espírito natalino de Poços de Caldas.

E já que a cor vermelha que ainda não foi retirada dos semáforos da cidade nos induz a parar, que estejamos parados sim mas atentos, esperando que dias melhores possam vir em breve, e que os próximos natais sejam mais coloridos, livres pelo menos do ódio disfarçado que o Natal desse ano está tentando colocar como mensagem.

* Renata Cunha é jornalista. E-mail: renatacunha.jor@hotmail.com