Ordem do Dia 14/11/23

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Roberto Mangabeira Unger, emérito brasileiro, professor na Escola de Direito de Harvard, EUA, foi entrevistado pela mais recente edição do Roda Viva, da TV Bandeirantes.

Esta coluna repercutiu, há poucas semanas, o rompimento de Unger com o governo Lula, mesmo tendo sido, por duas vezes, ministro nos governos petistas.

Discutir os postulados da obra de Mangabeira Unger seria tarefa para especialistas. Ou objeto de extensos estudos. Nossa abordagem aqui seria bem mais simples.

Unger sempre foi ligado à tradição brizolista ou ao PDT. Segundo ele, a perspectiva dessa corrente política seria mais democrática, e realista, que o posicionamento petista. O brizolismo sempre entendeu que o Estado deveria ter, como prioridade, a defesa das massas desorganizadas. Essas seriam as camadas mais frágeis da sociedade.

Já o PT sempre se colocou como representante das massas organizadas, em sindicatos, partidos ou associações, transformando o Estado em refém desses setores, aparelhando-o.

Seria essa a razão de seu rompimento com o governo Lula. De certa forma, seria um governo de elites, reforçando os privilégios existentes. As empreiteiras da Lava Jato, os setores altamente remunerados do serviço público, sindicalistas e o pessoal da JBS, que o digam…

Durante sua entrevista no Roda Viva, Unger explicou que o mundo vem se elitizando cada vez mais, inclusive nos países desenvolvidos, que possuem populações educadas.

As camadas da população que possuem alto nível de qualificação e treinamento são, percentualmente, cada vez menores. Em relação às camadas cada vez mais medíocres, da grande maioria da população mundial.

Não há apenas a concentração de renda, cada vez maior. Haveria também a concentração de conhecimento e qualificação educacional, em parcelas cada vez menores da população. Seriam as super elites do conhecimento.
A mediocridade, e a pobreza, seriam cada vez maiores.

Esse seria um caminho que levaria à segregação, ou ao caos social. O mundo estaria se transformando num mar de miséria e ignorância, pontuado por algumas ilhas de prosperidade e de conhecimento.

E nesse ritmo, as pessoas serão cada vez mais diferentes entre si. E cada vez menos possível criar uma comunidade com valores e identidades correspondentes. O sujeito não deixa por menos. Pois é…