Circullare pede reajuste para custear aumento salarial
Concessionária pede reajuste devido ao aumento dos custos operacionais
O gerente geral da Circullare, Armando Bertoni, confirmou o envio de ofício ao Executivo solicitando reajuste tarifário, conforme determina o Contrato de Concessão, dos atuais R$ 3,00 para R$ 3,50.
“A situação do transporte coletivo no município está insustentável. Já estamos com aproximadamente 16% de defasagem, sendo 11% de aumento dos insumos básicos do transporte e 5% de perda de passageiros comprometendo do sistema. O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Poços de Caldas, por sua vez, já apresentou a empresa como pauta de reivindicação em decorrência de assembleia realizada, um reajuste salarial de 15%, na data base de 1º de março de 2016, além de considerável aumento no valor do ticket alimentação, entre outras solicitações. Tivemos ainda o aumento de 11,67% no salário mínimo a partir de primeiro de janeiro. Estamos sustentando sozinhos estes ônus, sendo que o último reajuste foi de apenas 7,14% baseado na planilha de outubro de 2014. Se não houver reajuste na tarifa, conforme determina o contrato de concessão, estaremos comprometendo a qualidade dos serviços aos nossos usuários e ter que demitir centenas de colaboradores, situações que estamos tentando evitar e que esperamos contar com a sensibilidade do poder público”, disse.
ENTENDA O PEDIDO
A planilha de custos do município é analisada pela Comissão Municipal de Transportes e Tarifas Correlatas, que contabiliza desde o óleo combustível até a folha de pagamento dos trabalhadores da concessionária. O Contrato de Concessão prevê que a tarifa que irá remunerar a concessionária será preservada pelas regras de reajuste e revisão, previstas no Contrato, com a finalidade de que seja assegurada à empresa a manutenção em caráter permanente e durante todo o prazo de concessão, do equilíbrio econômico-financeiro do correspondente contrato.
O contrato de concessão em vigor determina o mês de outubro como sendo a data base de reajuste na tarifa. A empresa encaminhou solicitação à Prefeitura no último dia 17 de novembro e aguarda até o momento resposta formalm cujo prazo venceu em 17 de dezembro. A Circullare já enviou notificação extrajudicial constituindo a Prefeitura e o prefeito em mora pelos prejuízos causados.
JUSTIFICATIVAS
Segundo Bertoni, a empresa está arcando sozinha com todos os prejuízos de um cenário preocupante, frutos da crise econômica, do aumento de custos e da queda no número de passageiros. “A atual crise econômica faz com que o cidadão reduza todas as suas atividades e passe a não utilizar o transporte coletivo que é uma atividade meio e não fim, o que acarretou em uma perda média anual de 5% no número de passageiros transportados. Além disso, tivemos um aumento de 12,58% no preço do óleo diesel, reajuste de 58,93% na tarifa de energia elétrica, aumento de 9,45% da tarifa de água e esgoto, aumento de 53,72% do IPVA, além de um aumento médio de 10% nos demais insumos do transporte como óleo lubrificante, pneus, peças etc. Some-se a isto, as gratuidades sem fontes de custeio, o grande número de linhas deficitárias, a proliferação do transporte clandestino praticado por mototaxis e vans, entre outros”, enfatiza Bertoni.
REDUÇÃO DE CUSTOS
Além da solicitação de reajuste, a empresa encaminhou ofício à Prefeitura no último dia 22 de dezembro, formalizando medidas para racionalizar os custos operacionais. “O Plano de Redução de Custos Operacionais contém medidas que deverão ser implementadas paulatinamente visando proporcionar o necessário reequilíbrio econômico-financeiro-social do sistema, que se encontra totalmente comprometido. Entre elas, estão a racionalização de linhas e horários deficitários ou mesmo a sua paralisação e como medida extrema a ser evitada, a demissão de colaboradores”, disse.
INVESTIMENTOS
Mesmo diante do atual cenário, a Circullare mantém a prestação de serviços comprovada pelo certificado ISO 9001-2008 e suas recertificações. Também foi implantado o Ônibus Online, que permite ao usuário ver em seu smartphone os pontos de embarque e desembarque mais próximos, as linhas que passam pelo local, o percurso que o ônibus faz pela cidade e a localização do ônibus em tempo real.
Houve ainda investimentos em novo posto de abastecimento atendendo a determinações ambientais e ecológicas, além de um novo lavador automático com a reutilização de água. Em fevereiro passado, foram adquiridos 14 novos e modernos ônibus adaptados para portadores de necessidades especiais e ampliada as linhas, rodando mais 15 mil quilômetros por mês no horário de pico e reformados ainda 300 abrigos de pontos de embarque/desembarque.
Além de tudo isto, foram iniciadas as obras de revitalização da Estação Central. Todas estas ações demandam um investimento total de R$ 4,6 milhões oriundos de financiamentos bancários.
REAJUSTES
Bertoni ressalta ainda que a situação do transporte coletivo em Poços é bem melhor no aspecto qualitativo do que centenas de cidades no país, porém, não difere com relação aos desafios a serem enfrentados. Segundo ele, dezenas de municípios no país já estão com nova tarifa a partir deste mês. Belo Horizonte irá praticar nova tarifa, passando de R$ 3,40 para R$ 3,70. Em São Paulo, a tarifa passa de R$ 3,50 para R$ 3,80, além de subsídio de R$ 1,9 bilhão/ano para o transporte público.
Se não houvesse este subsídio, a tarifa na capital paulista seria de R$ 5,71. No Rio de Janeiro, a tarifa de ônibus municipal passará de R$ 3,40 para R$ 3,80, um reajuste de 11,76%. Em Uberaba e Uberlândia, de R$ 3,10 para R$ 3,50 (12,90%). Em Divinópolis de R$ 3,00 para R$ 3,45 (15%). “Temos a certeza que o prefeito não irá se furtar a cumprir o contrato de concessão e nos conceder o reajuste tarifário”, finalizou Armando Bertoni.